A pregação da teologia da prosperidade tem alcançado um nível de absurdo tão alto que as autoridades do Zimbábue decidiu suspender a transmissão de programas de TV e rádio que abordem o tema.
A indignação pública vem gerando constantes denúncias contra pastores que enfatizam a necessidade de contribuir financeiramente para ser abençoado. Esses líderes religiosos estariam enriquecendo de forma rápida e incomum, o que gerou a necessidade de uma medida no campo das telecomunicações.
Segundo informações da rede BBC, o presidente da rede pública Zimbabwe Broadcasting Corporation (ZBC), Albert Chekayi, afirmou que a decisão foi tomada para garantir a ordem no país enquanto o assunto é avaliado de forma mais detalhada, já que há a suspeita que os pastores estariam “infringindo os direitos” dos telespectadores.
“Esta decisão foi tomada por que somos responsáveis perante a população. Lembre-se, uma empresa de radiodifusão não pode visar apenas os lucros, mas levar em conta os interesses daqueles que pagam impostos. O Zimbábue é um país que defende a liberdade de religião, mas é guiado pela Lei de Direitos e nossa Constituição. Precisamos garantir que nenhuma parte dos moradores do país sintam-se ofendidos pelo conteúdo que transmitimos”, acrescentou.
A decisão da ZBC, que é uma rede com quatro emissoras de rádio e uma de televisão, suspendeu também toda programação que mostrava “prosperidade”, “profecias” e “exibição de milagres”.
O Zimbábue vem passando por um processo de reestruturação política, com mudanças nas leis e a exigência da população de um maior rigor. O representante da União Europeia, Philippe Van Damme, visitou o país para fazer relatórios sobre a situação social e disse ter ficado “surpreso” com a quantidade de líderes religiosos autoproclamados “profetas”.
“Na tradição bíblica do Antigo Testamento você tem alguns profetas, mas nunca vi tantos usando esse título como neste país. Observo esse fenômeno sociológico e concluo que, assim como temos notícias falsas, temos falsos profetas, impulsionados por interesses comerciais”, criticou Van Damme.