Uma catedral da Igreja Anglicana na cidade de Ely, na Grã-Bretanha, anunciou que usaria uma bandeira com as cores da militância LGBT durante a Parada Gay, como forma de expressar apoio à “inclusão”. Esse anúncio serviu para que um líder anglicano ordenado, se pronunciasse contra esse movimento, parte da chamada “teologia inclusiva”, referindo-se a ele como “blasfêmia”.
“O tremular de uma bandeira do orgulho gay sobre uma catedral é mais do que uma contradição, constitui uma blasfêmia”, protestou o bispo Gavin Ashenden, um missionário para a Inglaterra que rejeitou sua ordenação na Igreja da Inglaterra (e sua posição como capelão honorário à rainha Elizabeth II), mas continua ligado à Igreja Anglicana global.
A declaração, dada ao portal PJ Media, faz parte de um argumento do bispo contra o movimento da “teologia inclusiva“. Ashenden entende que essa linha interpretativa distorce as Escrituras para “colocar palavras na boca de Deus”.
Ashenden citou Romanos 1 para reforçar seu argumento: “A identidade e a prática sexual distorcidas são diagnosticadas por Paulo como um sintoma de idolatria. Ele adverte que, quanto mais a sociedade vira as costas para o Deus vivo, mais as pessoas experimentam o mal-estar e a desintegração. Isso se expressa parcialmente em uma confusão de identidade sexual e igualmente pela ausência de continência”.
“Em contraste, a tradição judaico-cristã é uma jornada para uma pureza sexual e psicológica mais profunda, dentro dos parâmetros da ordem criada por Deus”, explicou o líder anglicano.
O bispo Ashenden enquadrou a discussão em termos de um ataque cultural ao cristianismo: “O atual ataque cultural e ideológico à Igreja toma a forma de um ataque à integridade conceitual do casamento e da família. Ela particularmente se propõe a minar a integridade da igreja sobre a natureza das categorias ‘binárias’, homem e mulher se unindo para co-criar como agentes de Deus”, conceituou.
Tragicamente, “em vez de resistir a este assalto, partes da igreja o recebeu” na forma da “teologia inclusiva”: “Rasgaram um pedaço do contexto de Paulo, fizeram com que ele dissesse o contrário do que pretendia”, lamentou o bispo.
Em vez de seguir Romanos 1, o ensinamento de Jesus sobre sexualidade e as claras condenações da atividade homossexual em Levítico, os cristãos “inclusivos” voltam-se para Gálatas 3:28, descontextualizando a declaração de que “não há judeu nem grego, não há escravo nem livre não há homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus”.
“O argumento LGBT (de que os cristãos devem aceitar radicalmente as identidades LGBT nesta base) é exatamente o oposto do que Paulo pretendia”, argumentou Ashenden. “Paulo explorou as categorias básicas de antagonismos mútuos embutidos em sua cultura: judeus contra os gentios, homens contra as mulheres e os livres contra os escravizados. Uma vez que alguém definido por essas categorias de adversidades entrou em vida nova em Cristo, a vida batizada levou essas antipatias para uma nova identidade”, explicou.
“Nenhum cristão pode ser verdadeiramente cristão se colocar um adjetivo categorizador definidor na frente de sua identidade”, explicou Ashenden. A passagem bíblica de Marcos 8: 34-38, mostra Jesus dizendo a Seus discípulos que quem quisesse segui-lo, deveria “negar a si mesmo, tomar sua cruz e seguir-me, pois quem quer que salvar sua vida [alma, identidade] a perderá, mas quem perdesse sua vida [alma, identidade] por minha causa, a encontrará”
“Seria ridículo descrever as pessoas como cristãs ‘heterossexuais’. É tão ridículo quanto definir as pessoas como cristãos ‘gays’. A questão não fica mais clara com a observação de que o próprio termo gay é muito desajeitado para atuar como um descritor do horizonte da incoerência sexual que se estende pelo espectro de LGBTIQCAPGNGFNBA, etc”, criticou o bispo.
Gavin Ashenden foi além, salientando que “de todos os adjetivos, o menos desejável seria um adjetivo denotando a perversão da identidade dada por Deus ou uma desordem de comportamento na pureza sexual como habilitada, experimentada e compreendida no Espírito Santo”, pontuou. “Mas é exatamente isso que o movimento do ‘orgulho gay’ se propôs a redefinir e minar a ética sexual cristã e a identidade teológica”.
Assustadoramente, isto coloca a própria igreja em desacordo com ela mesma, insistiu o bispo: “Ao tremular a bandeira do orgulho gay em uma catedral cristã, o clero indicou sua lealdade a uma ideologia de identidade sexual que está em total desacordo com a fé que a catedral foi construída para ensinar e incorporar”, explicou Ashenden. “Em vez disso, adotaram as categorias, a linguagem e a ética dos inimigos de Cristo e do seu reino. Uma igreja construída sobre esse fundamento, de areia ideológica, logo entrará em colapso”, previu.