Uma passagem do livro de II Reis foi corroborada por uma descoberta arqueológica acidental. O túmulo do profeta Jonas, na antiga região de Nínive – atualmente território do Iraque – foi vandalizado pelo Estado Islâmico, e após a expulsão dos extremistas da região, estudiosos tiveram acesso a detalhes que permaneciam desconhecidos dos pesquisadores.
As inscrições de aproximadamente 2.700 anos fazem referência ao rei assírio Assaradão (filho de Senaqueribe), citado na Bíblia em II Reis 19:35-37. A tradução da inscrição diz: “O palácio de Assaradão, rei forte, rei do mundo, rei da Assíria, governador da Babilônia, rei de Suméri e Akkad, rei dos reis do Egito inferior, alto Egito e Kush [um antigo reino localizado ao sul do Egito na Nubia]”.
Outras inscrições localizadas em outros sítios arqueológicos fazem referência a um período em que a civilização Kush governou o Egito. Agora, a nova descoberta mostra que o rei Assaradão derrotou os governantes Kush e indicou novos líderes para reger a nação.
Segundo informações do portal britânico Telegraph, outra inscrição encontrada sob o túmulo de Jonas registra que o rei “reconstruiu o templo do deus Aššur [o deus principal dos assírios]”, as antigas cidades da Babilônia e Esagil e “renovou as estátuas dos grandes deuses”.
Há ainda, detalhes sobre a árvore genealógica da família real, listando o rei Senaquerib [reinado 704-681 aC] como sendo pai de Assaradão e descendente de Sargão II (reinado 721-705 aC), que também era chamado de “rei do mundo”.
“Eu nunca vi algo como isso gravado em rochas neste tamanho grande”, disse a professora Eleanor Robson, presidente do British Institute for the Study of Iraq. “Os objetos não combinam com as descrições do que pensávamos estar lá, então a destruição do túmulo pelo Estado Islâmico nos levou a um achado fantástico”, pontuou.
“Há uma grande quantidade de história lá, não apenas pedras ornamentais. É uma oportunidade para finalmente mapear o tesouro do primeiro grande império do mundo, do período de seu maior sucesso”, acrescentou.
Ex-curadora do museu de Mosul, a arqueóloga Layla Salih, supervisionou uma equipe de cinco homens que realizou o trabalho de escavação e afirmou que acredita que o Estado Islâmico tenha saqueado centenas de objetos que estavam no fundo do túmulo, antes que as autoridades recuperassem a cidade de Nínive.
“Eu só posso imaginar o quanto Estado Islâmico descobriu lá antes da nossa chegada. Nós acreditamos que eles levaram muitos dos artefatos, como cerâmica e peças menores, para vender no mercado negro. Mas o que eles deixaram será estudado e acrescentará muito ao nosso conhecimento sobre o período”, concluiu.