Yago Martins, que nos últimos anos passou a ser apelidado nas mídias sociais como “pastor do MBL“, concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, onde fez uma série de críticas ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.
Na opinião do youtuber, o atual presidente estaria utilizando uma narrativa apocalíptica, ou seja, um discurso que teria por objetivo impor o medo entre os religiosos, a fim de capitalizar votos entre os cristãos.
Com base nisso, Yago Martins chama de “exagero retórico” algumas pautas morais, como a legítima preocupação que muitos líderes possuem com a liberdade de pregação religiosa, que tem sido suprimida nos últimos anos devido ao patrulhamento ideológico.
“Quando [pastores] falam em fechamento de igrejas… a gente não está com liberdade religiosa no Brasil em xeque”, diz Martins. “Não tenho nenhum medo que o governo feche uma igreja. Mas Bolsonaro conseguiu fazer com que o fechamento de templos na pandemia soasse como ameaça à liberdade religiosa.”
Até mesmo sobre o aborto, Yago Martins apresentou um argumento em tom de relativização, dando a entender que minimiza a preocupação dos cristãos conservadores com a preservação da vida desde à concepção.
“Se você entrar na cabeça do evangélico médio, para qualquer pessoa que acredite que o feto já é um ser humano, liberar o aborto é legalizar o assassinato de crianças. Se você perguntar: você prefere uma economia melhor às custas de assassinato?”, comentou o pastor.
Sobre a possiblidade de um governo Lula, Yago Martins disse acreditar que haveria uma mudança de cenário no campo religioso, com líderes famosos buscando refazer as suas alianças, o que também impactaria na reação do público.
“Eu tô falando dos grandes grupos neopentecostais, que movem muito dinheiro e muita massa. Agora, a maioria das igrejas é pequena, com pastores que não são famosos. O cristão comum vai ter essa ruptura com mais facilidade”, disse ele.
Por fim, dizendo que, para ele, Bolsonaro “sempre foi um maluco”, o pastor Yago Martins acredita que o governo atual, atravessando uma pandemia global cuja autoridade administrativa foi fragmentada por via judicial, vem realizando um governo pior que o seu antecessor.
“Com Bolsonaro assumindo a Presidência, ele revelou o quanto ele conseguiu ser tão ruim quanto o governo anterior. A gestão da pandemia foi uma coisa que acabou com qualquer possibilidade de interpretar Bolsonaro como candidato viável na perspectiva cristã”, conclui o pastor do MBL.