A quarta edição do torneio de MMA (Mixed Martial Arts, em tradução livre para o português, Artes Marciais Mistas) promovido pela Igreja Renascer vem chamando a atenção pela estranheza que causa em muitas pessoas a promoção de um esporte considerado violento dentro de um templo evangélico.
O Reborn Strike Night, torneio que aconteceu nessa sexta feira, é organizado por uma equipe da denominação que atua com evangelismo através do esporte, e foi destaque no G1, onde foi ressaltada afirmação de um bispo da igreja que justificou o torneio dizendo que é melhor se perder um pouco de sangue do que a vida para as drogas.
– É preferível que um atleta perca um pouco de sangue no octógono (como é chamado o ringue das lutas de MMA) do que ele perder a vida para as drogas ou para a criminalidade – ressalta o bispo George Ramos, conhecido como bispo Gê.
Tendo como objetivo principal conquistar novos fiéis para a igreja, o torneio foi fortemente defendido por atletas e por líderes da denominação.
– Como se trata de um esporte de contato, isso assusta muitas pessoas em outras igrejas. No começo, na nossa também assustou. Mas tudo o que fazemos aqui é com temor a Deus – afirmou bispo Ramos em preleção aos 24 atletas, em sua maioria não evangélicos, como o lutador Marcelo Matias, 29 anos.
Matias é lutador profissional, e será uma das atrações principais do evento, que contará com 12 lutas, sendo apenas uma delas entre profissionais. Ele afirma que conhece de perto a igreja que promove o evento, mas ressalta que sua prioridade no torneio é conseguir visibilidade no esporte.
– Tenho interesse em conhecer, sim, mas quero mais visibilidade para lutar – afirma.
Membros da igreja que vão participar do torneio ressaltam não haver contradições em se aliar a fé com as lutas, mas afirmam que dentro do octógono o que importa é o esporte.
– Só entra ali quem está preparado. As outras coisas ficam de fora. Você pensar em superar o seu adversário. Não há contradição alguma nisso, pois é um evento para atrair fiéis para um caminho melhor – justifica o comerciante e lutador Felipe Gabriel, de 20 anos.
Além de membros da Renascer e de atletas não evangélicos, o torneio recebe também a participação de lutadores que frequentam outras denominações.
– Não há nenhuma contradição (em ser evangélica e praticar MMA). Porque eu pratico um esporte. Eu penso como esportista, não quero agredir por agredir. Não pode querer ser valentão na rua. Por isso que é um esporte que tem juiz, que tem regras. É uma combinação que funciona: esporte e a palavra de Deus – enfatiza o professor de jiu-jitsu Aloísio Figueiredo, de 29 anos e frequentador da igreja pentecostal Brasa Viva.
Líderes da denominação buscam em versículos bíblicos argumentos para justificar a realização do torneio de artes marciais dentro do templo.
– Um versículo da Bíblia diz ‘Me fiz de louco para ganhar os loucos’. É sobre Davi, que ao se deparar com mais uma morte, começou a babar. Nós usamos justamente esta estratégia para viabilizar a palavra de Deus – destaca o presbítero Baby.
Redação Gospel+