O pastor Anderson Silva anunciou que está deixando a liderança da Igreja Vivo por Ti, em Brasília (DF) após oito meses de licença, e apontou o diagnóstico de autismo que recebeu como preponderante em sua decisão.
Anderson Silva relembrou que fundou a Igreja Vivo por Ti há 16 anos e que vinha se dedicando ao ministério pastoral desde então. Em 2019 ele chegou a anunciar que deixaria de pregar em eventos para se dedicar ao ministério local, mas retomou as agendas externas após a pandemia.
Em seu anúncio, Anderson Silva afirmou que nenhuma igreja deve “ser tratada como empresa pessoal de nenhum pastor”, e por esse motivo não iria fazer nenhuma exigência quanto aos rumos que a Igreja Vivo por Ti seguir.
“No início do ano pedi afastamento por um ano para devoção e ponderações de questões pessoais e espirituais sobre o destino do meu chamado, das reflexões vindas do meu diagnóstico em TDAH e Autismo. Os diagnósticos foram um luto momentâneo que me trouxe respostas aos meus 42 anos de vida, trouxe respostas a minha incapacidade de relacionamento e precisava de um tempo para refletir e buscar ajuda em como recomeçar, pois em 24 anos de fé sempre enfrentei crises de relacionamentos por ser um pregador dedicado, mas que era incapaz de manter comunhão”, explicou o pastor.
A compreensão de que não seria mais possível voltar ao posto de pastor local foi alcançada antes do prazo final de sua licença: “8 meses foram suficientes para que eu chegasse a conclusão que […] continuar seria cometer violência psicológica a mim, coisa que faço há muito tempo por não conhecer/respeitar minha singularidade”.
Guerra cultural
A maneira contundente como se posiciona sobre diversos assuntos, em especial a forma como cultura moderna influencia a masculinidade e também a política nacional, levaram o pastor Anderson Silva a se envolver em inúmeras polêmicas, como no atrito com o baixista do Oficina G3, Duca Tambasco, e a sugestão para que os evangélicos brasileiros façam orações como a dos Salmos imprecatórios contra os desmandos do governo federal, pedindo justiça a Deus.
Anderson entende que sua “decisão de servir ao Corpo de Cristo nessa época de guerra cultural ideológica inviabiliza que eu esteja a frente do pastoreio local de uma igreja”, já que esse é um ministério que exige muita dedicação aos membros da congregação.
“Não tenho mais paciência, unção e dedicação para esse ofício. Enxerguei o macro e me vejo capacitado, realizado e convocado a ele, pois não desgasta minha mente na impossibilidade das relações e a ditadura emocional que isso impõe e mim. A produção teológica e social em favor do Corpo é meu desafio atual!”, acrescentou.
As rusgas com os teólogos proeminentes causadas pelas discordâncias em torno da forma como aplicar o conhecimento na prática foram outro motivo apontado por ele: “Por me posicionar politicamente me tornei inimigo público de ideólogos que podem usar isso contra uma instituição que eu esteja a frente e isso prejudicaria ainda mais as relações com muitos irmãos”, admitiu.
Ao final, o pastor também disse ter compreendido que ele próprio se tornou “um fardo aos irmãos, assim como se tornou um fardo não receber a contrapartida necessária para que meu trabalho macro fosse realizado”.
Nos comentários de sua publicação, Anderson Silva revelou que em breve anunciará “o recomeço” ministerial em atividades que não prejudiquem sua saúde psicológica: “De uma maneira que não viole minha singularidade e não gere falsas expectativas no coração dos irmãos (não tenho saco pra relacionamento). Estou respeitando a mim mesmo e aos meus limites, estou numa das melhores fases da minha vida e não quero viver ministério como fiz nos últimos anos”, afirmou, categoricamente. “Orem por mim”, encerrou.
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