O compromisso de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém foi resultado de uma interlocução feita por pastores ligados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Essa visão do contexto é relatada pela pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Internacional Brasil e Israel. Ela teria recebido do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), uma mensagem garantindo que a mudança será feita. Atualmente, Eduardo é o nome que o presidente Jair Bolsonaro pretende indicar para o cargo de embaixador brasileiro nos Estados Unidos.
A influência dos pastores associados ao presidente Trump teria sido manifesta através de Mario Bramnick, que participa da Iniciativa da Casa Branca para a Fé e a Oportunidade (ICBFO), um grupo de líderes cristãos nomeados como assessores especiais pelo presidente americano.
Ao lado do pastor Mario Bramnick, a ex-deputada Michele Bachman gravou um vídeo durante a campanha eleitoral em 2018 para declarar apoio a Jair Bolsonaro. “Estou gravando esta mensagem para encorajar todos os meus amigos no Brasil a somente votarem para um candidato à Presidência do Brasil que apoie a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém”, disse ela, acrescentando que há promessa de bênçãos às “nações e aos indivíduos que abençoarem Israel”.
Na sequência da mensagem de Michele, divulgada pela Comunidade Internacional Brasil e Israel, Bolsonaro surgia assumindo esse compromisso junto à pastora Jane Silva. “Busquei apoio incondicional pra Bolsonaro por causa da embaixada”, afirmou Jane.
De acordo com informações do porta A Pública, a ICBFO (White House Faith and Opportunities Initiative, em inglês), é um escritório forma da Casa Branca desde maio de 2018, e tem atuado como uma espécie de embaixada formada por influentes líderes evangélicos dos EUA.
Esses pastores americanos seguem a linha de ação contra o aborto e de apoio a Israel. Entre eles, há também entusiastas da chamada “teologia da prosperidade”. Bramnick, um dos mais ativos membros do grupo, tem atuado para mobilizar países em torno do reconhecimento internacional de Jerusalém como capital israelense.
“Falei com o presidente [Donald Trump] a respeito da missão que nós tínhamos e eu levei comigo alguns dos líderes da Casa Branca que têm fé para falar a presidentes das nações da América Latina para que eles transferissem suas embaixadas para Jerusalém. Nós nos reunimos com presidentes da Guatemala, de Honduras e outras reuniões ao redor”, contou o pastor no vídeo.
Em seguida, ele narrou uma conversa que teve com o primeiro-ministro de Israel sobre o tema: “Quando nos reunimos com o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu, ele estava muito contente a respeito dessa transferência. Ele disse que é importante um início com pequenas nações, mas em seguida precisaríamos de nações maiores, como o Brasil”, disse Bramnick.
A pastora Jane Silva acredita que Bolsonaro, num futuro próximo, cumprirá seu compromisso de campanha transferindo a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, completando o passo dado ao criar um escritório de representação na cidade e ignorando as pressões de países árabes, que são compradores de carne halal do Brasil e ameaçam deixar de fazer negócios com os produtores brasileiros.
“Vou dizer por que Bolsonaro não tem outra opção e ele vai mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. O primeiro ponto: ele já está falando sobre reeleição. Se ele não mudar a embaixada, ele esquece o apoio dos evangélicos. Esquece. Ele vai ficar sem credibilidade e o meio evangélico decide uma eleição, e você sabe disso. Ele não tem opção, ele vai mudar, sim. Ele vai mudar não porque a embaixada de Israel está dando pressão, não é porque os judeus estão dando pressão. Ele vai mudar por causa dos evangélicos”, concluiu a pastora.