Um total de 13 cristãos foi preso nos últimos dias na Índia por participarem de cultos domésticos em Uttar Pradesh, no norte do país. Entre os detidos em cultos diferentes estão quatro pastores.
As prisões ocorreram sob acusações de conversão religiosa, o que é proibido pela lei local. “É uma situação alarmante. Em 20 dias, 13 pessoas foram para a prisão por causa da sua fé em Jesus Cristo”, disse um líder cristão que está ajudando uma parte dos presos.
O pastor Sanjay Kumar e a sua esposa, Sunita Devi, precisam reunir valores para quitar a fiança. O casal tem três filhos e foram presos no dia 21 de junho pela polícia de Uttar Pradesh, estado governado pelo partido pró-hindu Bharatiya Janata (BJP) do primeiro-ministro Narendra Modi, e que possui uma abrangente lei anti-conversão.
“Não podemos nem orar… nunca imaginamos tal situação no nosso país”, disse o líder cristão que não quis ser identificado ao UCA News.
A série de prisões começou em 7 de junho com Abhishek Masih e Anil Masih no distrito de Barabanki. Em seguida, ocorreu a prisão de Durgesh Chauhan em 9 de junho no distrito de Ayodhya.
Em 16 de junho, o pastor Paul, que foi identificado apenas pelo primeiro nome, e Nandlal Rajbhar foram presos no distrito de Ghazipur, seguidos pelas prisões de Ram Chander, Anuj Kumar, Sarvesh Kumar e Hitna, também identificados por um único nome, no distrito de Sitapur em 19 de junho.
Os últimos a serem presos em 23 de junho foram o pastor Sarju Prasad, do distrito de Ayodhya, e o pastor Naresh Kumar, do distrito de Hardoi.
O líder cristão disse que a maioria deles participava de cultos domésticos em casa quando a polícia chegou, depois de ter sido alertada por aldeões locais que suspeitavam de atividades de conversão.
A polícia prendeu-os e apresentou-os aos tribunais locais, procurando que fossem colocados sob custódia para futuras investigações.
“Mais de uma dúzia de cristãos estão a ser acusados de conversão religiosa, embora não haja uma única pessoa a quem tenham convertido”, disse outro líder da Igreja, que considera que a ação policial pode ser “as consequências das eleições gerais onde Modi e o seu partido perderam assentos em Uttar Pradesh”.
Uttar Pradesh é o maior e mais populoso estado da Índia, e é governado por Yogi Adityanath, um monge hindu que virou político filiado ao BJP, partido que tem 80 assentos na Lok Sabha, a Câmara baixa do Parlamento.
O BJP conquistou 62 assentos nas eleições gerais de 2019, mas foi reduzido para 33 nas eleições deste ano, cujos resultados foram anunciados em 4 de junho: “O aumento da perseguição contra os cristãos decorre desta derrota eleitoral”, disse o líder da Igreja que não quis ser identificado por temer represálias.