A teologia inclusiva vem encontrando espaço na grande mídia, como uma releitura da Bíblia Sagrada que se adéqua ao progressismo e ao politicamente correto. O mais novo exemplo é o caso do programa De Volta Ao Reino, transmitido pela Rede Brasil aos sábados, voltado para “gays evangélicos”.
Artur Vieira, 33 anos, é o apresentador do programa que é homossexual e se apresenta como evangélico. Ele alcançou certa notoriedade entre os adeptos da teologia inclusiva e entre a militância LGBT como youtuber. Agora, em seu programa na TV, promete abordar “um novo olhar cristão” sobre a homossexualidade.
De acordo com Vieira, seu programa vai bater de frente com os pastores que adotam a visão tradicional sobre o assunto: “Você acha que vou deixar meus amigos serem massacrados pelo [Silas] Malafaia? Ele tem uma hora na [grade da] Band, você acha que nos meus 15 minutos não vou meter dois pés no peito?”, questionou.
Em entrevisa à jornalista Anna Virginia Balloussier, Artur Vieira disse que antes de abraçar a homossexualidade definitivamente, dava ouvidos a um pastor presbiteriano anos atrás, que o dizia que gostar de alguém do mesmo sexo era pecado: “[O pastor] falou para que eu cortasse cabelo estilo militar, arranjasse uma namorada, parasse com a maquiagem”, disse o apresentador.
Com essa orientação, Vieira disse ter tentado, e chegou a ser noivo de uma moça: “A gente nem beijava, só pegava na mão”, resumiu, dizendo que não daria certo porque se descobriu gay na pré-adolescência, quando entendeu que “havia menino, havia menina e havia uma terceira coisa, que era eu”.
Erro consciente
Artur citou, na entrevista à Folha de S. Paulo, pelo menos sete passagens bíblicas que repudiam a prática homossexual, incluindo a passagem Levítico que trata a homossexualidade como “abominação”. No entanto, seu refúgio está em uma interpretação pessoal que usa contexto histórico para agradar aos “gays evangélicos” e a si próprio.
Citando o livro de Coríntios, em que Paulo diz que “as vossas mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar”, Vieira descontextualiza o viés histórico e social da cidade à qual a carta foi enviada para justificar sua recusa em cumprir uma ordenança que transcendeu, na Bíblia, todas as eras e contextos sociais e históricos.
“Isso as pessoas não lembram, principalmente as pastoras que condenam nós, os homossexuais”, argumentou o apresentador. “A Bíblia é imutável. Porém precisamos fazer uma análise crítica/temporal do contexto em que ela foi escrita. Simples assim”, acrescentou.
Ao final, ele se queixou de sofrer bullying dos homossexuais, que o descrevem como “crente, mas gente boa”. Diante do contexto que forma o meio evangélico, é possível que agora, com mais visibilidade, Artur Vieira se depare com ainda mais gente reprovando suas ideias e estilo de vida.