Uma nova lua de sangue deverá surgir no céu nos próximos dias, ressuscitando um antigo debate no meio cristão sobre seu significado diante das profecias bíblicas. Esse será o primeiro eclipse lunar em 2021.
O evento astronômico deverá ser concluído no final da madrugada da próxima quarta-feira, 26 de maio, por volta das 06h45, quando a lua cheia está próxima do perigou, o ponto orbital mais próximo da Terra. Essa explicação técnica costuma ser referida popularmente como “lua de sangue”, porque o satélite fica completamente na sombra do planeta e reflete uma cor avermelhada.
De acordo com informações da Gaúcha ZH, o eclipse poderá ser visto apenas parcialmente do território brasileiro, já que ele ocorrerá próximo do amanhecer, por volta de 05h48 no horário de Brasília.
O astrônomo Luiz Augusto L. da Silva, integrante da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica, informou que a entrada da Lua na penumbra – região de obscurecimento parcial que margeia a sombra que a Terra projeta no espaço – é o que define o eclipse lunar.
“Essa etapa é visualmente imperceptível, porque tudo que começa a acontecer é uma diminuição muito pequena da intensidade do brilho lunar”, explicou o astrônomo.
Profecias
Os eclipses lunares, descritos como Lua de Sangue, são sempre eventos que atraem a atenção pela beleza do fenômeno, e também pelas linhas interpretativas teológicas que o associam a profecias.
O professor Christopher J. Katulka produziu um artigo sobre as profecias bíblicas e o fenômeno das luas de sangue, e afirmou que as Escrituras se referem ao fenômeno sempre apontando para um evento único.
“A profecia bíblica certamente fala de uma lua de sangue. O profeta Joel teve uma visão sobre ela quando profetizou sobre ‘o grande e terrível Dia do Senhor’: ‘Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor’ (Jl 2.30-31)”.
“Mais tarde, Lucas citou Joel em Atos 2.20, e o apóstolo João usou a mesma profecia em Apocalipse: ‘O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue’ (Ap 6.12). Cada vez que a lua de sangue é mencionada, é em conjunção com outros eventos cósmicos que ocorrem simultaneamente. Portanto, se uma lua de sangue ocorreu, também deveremos esperar um sol escurecido e somente uma lua de sangue, não tétrades. Além do mais, cada escritor [bíblico] apontava para o mesmo acontecimento futuro”, contextualizou.
Em suas ponderações, Katulka diz que “atribuir valor profético a essas luas de sangue é algo que atrai a nossa atenção, mas os eventos a que se referem são aleatórios”, levando a um descompasso com a narrativa bíblica.
“Existe apenas uma ‘lua de sangue’ bíblica, e ela brilhará em lugar de um Sol escurecido e de estrelas apagadas, quando o Senhor julgar este mundo. Até então, cada lua de sangue é um exemplo da majestosa obra das mãos de Deus”, concluiu o professor, que leciona Bíblia na instituição The Friends of Israel, nos Estados Unidos.