Ao longo da campanha eleitoral para a presidência da República em 2018, muito se debateu nas redes sociais as propostas que pretendem abolir a isenção tributária das igrejas e templos religiosos em geral. Agora, com o pleito definido e o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) trabalhando na transição de governo, um boato circula nos aplicativos de mensagens dizendo que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende tributar as religiões.
A fake news que vem sendo espalhada diz que Paulo Guedes teria concedido uma entrevista à GloboNews no dia 30 de outubro, após o segundo turno das eleições, e que teria confirmado a mudança na Constituição Federal de 1988.
“Paulo Guedes falou agora na GloboNews que as igrejas vão ter que pagar imposto”, diz o texto, que acrescenta: “Repete Hitler e os eleitores judeus. Tal qual Hitler, depois de receber 61% dos votos judeus que o ajudaram a ser eleito em 1935”. Além disso, a mensagem salienta que as denominações evangélicas, em específico, seriam as principais prejudicadas.
Fake News
O conteúdo da mensagem é falso, assim como a imagem que a acompanha é uma montagem, conforme apurou o portal Uol. Procurado, Paulo Guedes negou através de sua assessoria a frase atribuída a ele.
“É mentira a declaração que está sendo atribuída a ele. O futuro ministro jamais fez esta declaração”, diz a nota emitida pela assessoria de Paulo Guedes.
Uma busca nas plataformas do Grupo Globo também não revelou nenhuma declaração de Guedes no sentido de aumento de impostos ou de cobrança sobre dízimos e ofertas, no caso das igrejas evangélicas, e contribuições diversas, em relação a outras crenças.
História
A mensagem que propaga fake news também espalha mentira no contexto histórico, já que a comparação entre o futuro governo Bolsonaro e ditador nazista Adolf Hitler não é cabível pelo simples fato de que o segundo não foi eleito pelo povo alemão.
Hitler foi nomeado chanceler (chefe do governo) alemão em janeiro de 1933, pelo então presidente Paul von Hindenburg, que ganhou as eleições de 1932 contra o próprio Hitler, que havia ficado em segundo lugar. No mesmo ano, o Partido Nazista havia se tornado a maior força no Parlamento alemão.
Hitler só se tornou chefe de Estado e de governo em agosto de 1934, quando Hindenburg morreu, e ele tomou o poder e lá permaneceu até abril de 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial.