Um evento realizado na última segunda-feira pela Heritage Foundation, colocou lado-a-lado mães com histórias parecidas sobre como as escolas têm servido de laboratório para a promoção da ideologia de gênero na mente de crianças e adolescentes. Uma delas chegou a dizer que a filha cometeu suicídio após ter sido influenciada para “mudar de sexo”.
“Quero que todos saibam a verdade sobre o que aconteceu com nossa família, porque não precisava ter acontecido”, disse Abigail Martinez, mãe de uma jovem chamada Yaeli, que se suicidou aos 19 anos pulando na frente de um trem.
Em prantos, Martinez contou detalhes da sua batalha contra os ativistas que influenciaram a sua filha, antes por ela vistos como simples professores. “Não consigo explicar essa dor… mesmo quando você respira dói”, lamentou a mãe.
Martinez explicou que Yaeli se via, se comportava e se vestia normalmente como uma menina desde criança, em perfeita harmonia com o seu sexo de nascimento. No entanto, ela passou a sofrer bullying na escola, sendo chamada de feia, de modo que entre a sétima e oitava série passou a demonstrar sinais de depressão.
Confusa com a sua imagem e mergulhada numa cultura de incentivo à ideologia de gênero, a jovem desenvolveu uma crise de identidade, achando que poderia ser transgênero. Preocupada, a mãe de Yaeli pediu ajuda aos professores, o que terminou piorando a situação.
Ativismo de gênero na escola
“Quando ela começou o ensino médio, as portas se abriram para o que ela estava falando, como transgênero”, disse a mãe, explicando que a filha passou a ir a reuniões e a outras atividades escolares consideradas de “apoio” para jovens supostamente transgêneros.
“O conselheiro da escola estava envolvido, o DCFS (Departamento de Serviços para Crianças e Família) estava envolvido, [representantes] LGBT estavam lá também, tentando ‘ajudar’ minha filha na transição de ser transgênero”, observou Martinez.
“Fui acusada de não querer abrir os olhos, já que ela sentia desde pequena que era um menino, o que não era verdade. Ela não estava nem perto de ser um menino”, pontuou a mãe.
A política de apoio aos alunos supostamente transexuais nas escolas públicas dos Estados Unidos passou a existir no governo do presidente Barak Obama, abrindo espaço para que a promoção da ideologia de gênero fosse largamente difundida.
“Eles criaram um laboratório experimental para essa ideologia transgênero, e Yaeli foi a primeira vítima disso”, disse Roger Severino, ex-diretor de direitos civis do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo do ex-presidente Donald Trump.
Retirada da mãe
O caso de Martinez chegou ao ponto do absurdo quando ela, uma mãe dedicada e preocupada com a saúde mental da sua filha, perdeu a guarda da jovem após ela tentar o suicídio pela primeira vez. Como resultado, Yaeli foi para um orfanato.
“Os psicólogos da escola e LGBTs disseram ao DCFS que minha filha estaria melhor fora de casa. Eles levaram minha filha quando ela tinha 16 anos. Eu tentei o meu melhor para recuperá-la… indo ao tribunal todos os meses”, contou a mãe, em prantos.
Martinez disse que apelou para o juizado para que a filha passasse por novas avaliações psicológicas, o que não adiantou, pois a assistência social que acompanhava o caso disse que Yaeli precisava ser tratada como Andrew, como ela estava se chamando.
Martinez lembrou que pediu ao juizado para que a filha não fosse submetida ao uso de hormônios masculinos, mas que em vez disso recebesse ajuda psicológica. Segundo ela, Yaeli chegou a dizer durante uma terapia de grupo que o procedimento hormonal não estava lhe deixando mais feliz.
Assim como Martinez, outras mães relataram casos parecidos de influência ideológica sobre os filhos nas escolas, bem como de arrependimento por parte de jovens que foram seduzidos por essa narrativa.
Disforia de gênero
O Gospel Mais entrou em contato com a psicóloga Marisa Lobo, autora dos livros “A Ideologia de Gênero na Educação” e “Famílias em Perigo”, onde ela aborda exatamente a influência do ativismo ideológico nas escolas e na cultura atual. Para a autora, a abordagem no caso de Yaeli foi completamente errada.
“O ativismo de gênero não encara o fato de que a disforia, ou seja, a confusão de identidade sexual que algumas pessoas desenvolvem não tem nada a ver com ter nascido no ‘corpo errado’, mas sim com questões muitas vezes atreladas ao meio social”, disse Marisa.
“No caso de Yaeli, vemos como ela aparentemente sofreu com a sua autoestima depois que passou a sofrer bullying por causa da sua aparência. Isso pode minado a sua feminilidade, e uma vez que vivemos numa cultura que induz à confusão sexual, ela pode ter encarado a ‘mudança de sexo’ como uma forma de lidar com esse sofrimento”, explicou a psicóloga.
Marisa Lobo destacou que não é diferente em outros casos, onde os jovens sofrem por causa de traumas diversos. “O abuso sexual, por exemplo, em muitos casos é o gatilho para a confusão sexual, pois a mente do jovem interpreta a mudança sexual como um mecanismo de defesa contra possíveis novos abusos”.
A autora, contudo, explica que atualmente a cultura e o ativismo ideológico em ambientes como escolas e faculdades é o que tem mais influenciado a mente de crianças e adolescentes.
“Antes os maiores gatilhos eram os abusos e os conflitos com as figuras paterna e materna, o que significa a forma como o jovem é educado. Atualmente, porém, a cultura e o ativismo ideológico também exercem uma influência muito grande. Se somarmos todos esses fatos, temos uma noção da gravidade do problema”, frisou Marisa.
Por fim, Marisa observou que em casos como o de Yaeli, o jovem precisa ter o apoio de profissionais qualificados e não de ativistas. Ela ressaltou a importância da intimidade familiar e do acompanhamento dos pais no dia-a-dia da criança, a fim de que possam tomar as providências cabíveis se necessário.
“Infelizmente a psicologia foi tomada por muito ativismo, mas ainda há bons profissionais, capazes de entender a real natureza da disforia de gênero. Os pais também precisam acompanhar os filhos e protegê-los da doutrinação ideológica, pois ela atualmente está em todo lugar, inclusive nos desenhos”, conclui Marisa.