A tradução da Bíblia chamada Nova Versão Internacional (NVI) recebeu uma atualização em 2023 que vem despertando polêmicas, e o antigo coordenador das edições anteriores, pastor Luiz Sayão, usou as redes sociais para se posicionar a respeito, negando qualquer relação com a revisão.
Sayão, que é professor de teologia, especialista em hebraico e integrante das comissões de tradução da Bíblia em diferentes versões – como por exemplo a Almeida 21 – declarou que não concorda com a proposta adotada para a tradução NVI 2023.
“Com muita frequência tenho recebido perguntas sobre a nova NVI, versão 2023. Gostaria de deixar bem claro que não participei nem tive qualquer relação com o novo projeto. Nem estou de acordo com a proposta de tradução”, enfatizou.
História
O pastor recapitulou seu envolvimento ainda nos anos 1990 com o projeto de criação da NVI, uma iniciativa que ocorreu em diferentes países, com comissões locais, respeitando características dos diferentes idiomas que receberiam a tradução: “Por mais de vinte anos fui o principal representante da NVI, da qual fui o coordenador. Nosso projeto, lançado em 2000, teve a supervisão do Dr Eugene Rubingh, da International Bible Society. Foi um piedoso servo do Senhor, por décadas missionário na África”, pontuou.
No Brasil, a iniciativa foi viabilizada por outro respeitado acadêmico: “O pai do projeto em português foi o saudoso Dr Russell Shedd. Nossa comissão era formada por presbiterianos, batistas, luteranos, pentecostais, independentes e menonitas. Era composta de brasileiros, europeus e americanos. Tinha diversidade denominacional, teológica e de área de especialização”, descreveu Sayão.
“O projeto teve total liberdade de tradução. Toda a comissão afirmava sua plena confiança na autoridade e inspiração da Bíblia. A experiência foi extraordinária. No caso do novo projeto (2023), não houve participação da primeira comissão da NVI. É distinto. Não temos como dar qualquer informação sobre o perfil do novo texto”, lamentou.
Responsabilidade
Sayão foi enfático ao dizer que já se despediu da NVI em termos de trabalho: “Foram dez anos de dedicação. Traduzir a Bíblia: imensa responsabilidade. Com muito temor e tremor, tive a oportunidade de coordenar aquela equipe de vários tradutores do Brasil, Europa e EUA, com total respeito e plena afirmação da autoridade das Escrituras”.
Apesar da clara contrariedade com o projeto da NVI 2023, Sayão expressou satisfação pelo trabalho realizado nas primeiras versões da tradução: “Que desafio. Que resultado. Vendo hoje tantas pessoas abençoadas pela NVI, premiada em 2002, tenho o coração cheio de gratidão. Deus seja louvado para sempre”.
“Hoje vários tradutores já descansam no Senhor. O irmão Shedd foi quem deu origem ao projeto na época. Mais uma herança extraordinária que ele deixou para a glória de Deus. Meu desejo e oração é que Deus continue a abençoar a expansão da sua Palavra no Brasil e no mundo. Depois da NVI, Almeida 21, A Mensagem, Bíblia Brasileira de Estudo e Rota66, agradeço a Deus a oportunidade de auxiliar de algum modo a propagação da Palavra no Brasil e no mundo. Afinal, como bem disse Habacuque: E a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas enchem o mar (Hc 2.14)”, concluiu.
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