Uma resolução que ignora a história foi aprovada pela Unesco na última quinta-feira, 13 de outubro, afirmando que o Muro das Lamentações e o Monte do Templo são locais de importância religiosa “apenas para os muçulmanos”. A Unesco é o braço da Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura.
Na prática, esse é mais um capítulo da politização pela qual a Unesco vem passando. Israel e os Estados Unidos tentaram, em vão, impedir a aprovação da resolução, que contou com apoio de governos como o Egito, Argélia, Marrocos, Líbano, Omã, Catar e Sudão – todos com forte presença do islamismo em suas sociedades – e do Brasil.
O apoio do Brasil a essa resolução se deu por influência da política externa adotada pelo governo do Partido dos Trabalhadores (PT), e as tratativas que resultaram na aprovação já estavam adiantadas quando Dilma Rousseff foi destituída da presidência.
De acordo com informações da revista Veja, a moção foi iniciada pelos palestinos e recebeu 24 votos a favor, seis contra e outros 26 países se abstiveram de votar.
“O Templo do Monte, chamado em hebraico de Har Habait (“Monte da Casa”), é o lugar onde, acredita-se, foram erguidos o Templo de Salomão e, mais tarde, no ano 70 d. C, o Templo de Herodes. Em 677 d. C, nesse mesmo espaço, foram construídos o Domo da Rocha e a mesquita de al-Aqsa, de 705 d. C.”, informa matéria da revista Veja. “Hoje, o local é conhecido como a Esplanada das Mesquitas para os muçulmanos. A cidade nunca foi citada pelo Corão, livro sagrado do Islã, e o profeta Maomé nunca pisou na cidade”, acrescenta.
A Unesco vem atuando contra Israel há alguns anos. Em 2010, cinco resoluções foram aprovadas contra o país, todas elas resultado de iniciativas de países árabes. Nesses textos, a entidade se opôs à tentativa de Israel de realizar escavações arqueológicas em Jerusalém, definiu que os locais sagrados de Belém e Hebron estão em territórios palestinos e criticou a construção de um muro que separa Israel da área sob controle da Autoridade Palestina, assim como o bloqueio na faixa de Gaza.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou a decisão: “O teatro de absurdos na Unesco continua e hoje a organização adotou outra decisão delirante, que diz que o povo de Israel não possui conexão com o Monte do Templo e o Muro das Lamentações”, afirmou, segundo informações da agência Reuters.
“Dizer que Israel não tem ligação com o Monte do Templo é como dizer que a China não tem ligação com a Grande Muralha ou que o Egito não tem conexão com as pirâmides”, ironizou Netanyahu. “Com essa decisão absurda, a Unesco perdeu a pouca legitimidade que ainda tinha”, acrescentou.