A polêmica série 13 Reasons Why, da Netflix, aborda o suicídio de uma maneira que, para muitos, funciona quase como uma apologia à desistência da vida, e como forma de contrapor essa visão, um pastor publicou um artigo enaltecendo “um trilhão de razões para viver”.
Russel Moore, um eminente pastor batista norte-americano, presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul, afirmou que não encoraja seus filhos a assistirem a série, mas a vê como “uma oportunidade para os cristãos expressarem a graça e o amor de Deus”.
“Se a série mostra alguma coisa, é que há várias razões por trás da escuridão que pode levar à morte, ao suicídio […] Talvez esta controvérsia leve os amigos, os pais e os líderes de jovem a falarem sobre o suicídio, para sinalizar aos que estão em apuros que eles não estão sozinhos e não serão julgados, se procurarem ajuda nesta área”, comentou o pastor.
“Talvez leve os pais ou amigos de adolescentes a falarem sobre o que fazer se alguém começar a ver ‘razões’ para o desespero, abrindo um diálogo, explicando que podem compartilhar fardos e que estarão felizes em ajudar a suportá-los”, acrescentou Moore.
De acordo com informações do portal The Gospel Herald, a série baseada no livro homônimo conta a estória da adolescente Hannah Baker, que se suicida após sofrer bullying. Como forma de expressar sua dor, ela grava treze fitas e as destina às pessoas que ela considera terem “desempenhado um papel importante” em sua decisão de tirar a própria vida.
Muitos formadores de opinião têm criticado a série por mostrar o suicídio de forma banalizada, como uma “mera opção” diante da adversidade, ao invés de defini-lo como algo com graves consequências, mesmo para as pessoas à volta. O pastor Russel Moore considera 13 Reasons Why “perigosa” pelos mesmos motivos.
“Para provocar tragédias na vida de adolescentes magoados, ninguém precisa tornar o suicídio glamouroso. Só precisa tornar o suicídio uma opção plausível. Eu temo que 13 Reasons Why possa alimentar a atração pelo suicídio em alguns, porque o próprio enredo promove a ilusão de que o suicídio está ‘consertando alguma coisa'”, opinou.
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Para piorar, acrescenta o pastor, “a ‘estrela’ da série é a adolescente que que tirou a própria vida”, lamentou. “Isso não mostra a verdade sobre o suicídio – e a dramatização do suicídio como mudança de história pode ser mortal para alguns”.
Moore salienta que os cristãos precisam ser, na sociedade, pessoas que se posicionam de forma propositiva e relevante, sendo “o tipo de igreja que proclama a vida e esperança para aqueles que veem a morte como sua única saída”.
“Nem todos os adolescentes suicidas são loucos ou perturbados mentais. Eles são nossos irmãos e irmãs, nossos filhos e filhas e, como todos nós, eles têm dificuldade em ver a saída para algo no momento”, disse, chamando atenção para o fato de que as tragédias não são coisas distantes que só acontecem com terceiros.
“Talvez você seja um cristão e se sinta mal por pensar assim, mas você quer que a morte interrompa sua história. Se este é o seu caso, não assista a esta série sozinho. Procure ajuda. A vida pode parecer desesperadora para você, mas você tem uma vida que vale a pena viver. Há um trilhão de razões para isso”, concluiu.