Conhecido mundialmente na atualidade por ser um país rígido contra medidas “politicamente corretas”, a Rússia não tem se manifestado apenas contra o chamado “casamento gay” e o feminismo radical, mas também contra pequenos grupos religiosos. Esta semana, o mundo começou a tomar mais conhecimento sobre os motivos de as Testemunhas de Jeová entrarem para a lista de proibição do Kremlin.
Com cerca de 175 mil fiéis no território do atual Presidente Putin, a religião das Testemunhas de Jeová passou a ser considerada “extremista” na Rússia, que pediu ao Supremo Tribunal de Justiça a proibição de qualquer prática religiosa do grupo no país, após uma investigação que considerou suas atividades religiosas “contrária às leis russas e aos próprios estatutos da organização”, segundo publicação de O Globo obtidas da agência EFE.
“Não entendemos que objetivo as autoridades perseguem. Nos parece sem sentido. Achamos que se trata de um equívoco […] e o Ministério da Justiça retirará sua ação”, disse Ivan Balenko, porta-voz das Testemunhas de Jeová na Rússua.
Com 2.200 mil grupos e 400 organizações religiosas no país, as Testemunhas de Jeová temem sofrer o mesmo que a “Igreja da Cientologia”, que teve suas práticas de culto proibidas em 2015. Até então, assim como os mórmons, as Testemunhas de Jeová são consideradas uma seita religiosa em uma país que tem a Igreja Católica Ortodoxa como espécie de “religião oficial”, muito embora a liberdade religiosa ainda exista.
“Todas as decisões judiciais contra nós se baseiam em uma única acusação: que alguns de nossos livros e discursos estão na lista de literatura extremista que existe neste país”, disse ainda Balenko, se referindo a interpretação que o governo russo fez de uma citação feita em uma literatura das Testemunhas de Jeová, mencionando o filósofo espanhol Miguel de Unamuno:
“Unamuno escreveu que para crer na imortalidade da alma é preciso desejá-la, e o desejo deve ser forte o bastante para silenciar a voz da razão. Incluímos a citação em um discurso e a procuradoria nos acusou de extremistas. Só na última hora alguém retirou a denúncia, seguramente por respeito ao filósofo”, explicou o porta-voz da religião.
Por fim, a preocupação da comunidade Testemunhas de Jeová na Rússia é que com a classificação de “extremistas”, eles não apenas sejam proibidos de realizar suas atividades religiosas, como possam sofrer discriminação e violência em seu próprio país.