Desde o início da pandemia do novo coronavírus, governos ao redor do mundo têm imposto medidas inéditas de restrição à circulação de pessoas e reuniões diversas, incluindo religiosas, sob o argumento de “reduzir a curva de contágio”. Agora, o secretário-geral da ONU, António Guterres, propõe algo ainda mais radical: uma espécie de governo mundial.
A declaração do português António Guterres, que ocupa o cargo de secretário-geral da Organização Geral das Nações Unidas (ONU) desde janeiro de 2017, foi feita no último sábado, 17 de outubro, sobre o cenário mundial de mortes causadas pela Covid-19, uma doença para a qual ainda não há vacina e as medidas de tratamento precoce são rejeitadas por parte dos governos.
Guterres é ex-primeiro-ministro português e nos últimos três anos e meio coordenou a ONU, em um cenário de agravamento das propostas de legalização do aborto e aprovação de resoluções contra Israel em comitês da entidade.
Agora, o secretário-geral da ONU entende que a entidade deve ser munida de mais poder por parte dos países para que, supostamente, o combate à pandemia seja feito de maneira mais homogênea, mesmo que não ainda não haja um consenso na comunidade científica sobre a eficácia do confinamento generalizado das pessoas, o chamado “lockdown”.
“A pandemia de covid-19 é um grande desafio global para toda a comunidade internacional, para o multilateralismo e para mim, como secretário-geral das Nações Unidas”, disse ele, de acordo com informações da agência LUSA. “Infelizmente é um teste que, até agora, a comunidade internacional está falhando”, acrescentou.
A sugestão de que a soberania dos países é um fator que contribui para a disseminação da doença – ignorando casos em que nenhuma medida de “quarentena” foi tomada, como na Suécia, e o baixo número relativo de mortes à quantidade da população, podem indicar um caminho oposto – é parte de um esforço antigo, através de discursos, para a instituição de um governo mundial que se imponha sobre as determinações de cada país.
Segundo Guterres, se medidas coordenadas não forem tomadas, “um vírus microscópico pode levar milhões de pessoas à pobreza e à fome, com efeitos econômicos devastadores nos próximos anos”.
O burocrata valeu-se de outro argumento muito usado quando se defende a criação de um governo global: o estabelecimento de uma suposta paz em regiões instáveis, como no Afeganistão, Iêmen e Síria: “É uma fonte de enorme frustração”, disse ele, referindo-se à incapacidade de impor medidas que, em tese, encerrariam os conflitos.
De acordo com informações da Agência Brasil, ao redor do mundo, mais de 39 milhões de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus. Os casos foram registrados em 210 países e/ou territórios, desde que os primeiros casos foram notificados no final de 2019, na China.
A Wikipedia computa nesta segunda-feira, 19 de outubro, 1,1 milhão de mortes e 27,5 milhões de recuperados. Outros 11,4 milhões de pessoas em todo o planeta estão em tratamento contra a covid-19.