O mundo possui hoje 7.148 línguas conhecidas, e destas, 4.215 não têm sequer uma página da Bíblia traduzida. Dos grandes desafios para a igreja atual, o de tornar a Palavra de Deus acessível a todo o mundo é um dos maiores. Felizmente, uma pequena nuvem de adolescentes corajosos começa a surgir no horizonte. Especificamente na Missão Horizontes, em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no alto da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais.
Convictos deste chamamento, 49 jovens e adolescentes de várias regiões do Brasil e até do exterior têm respondido ao desafio de se tornarem tradutores das Escrituras e têm chegado à Horizontes América Latina dispostos a se colocar na brecha em favor das nações, sabendo que isto pode significar vinte anos de suas vidas ou mais em que ficarão reclinados sobre uma mesa, traduzindo as Escrituras para os milhões de sem-bíblias na Terra.
Como lerão e crerão, se não há quem traduza as Escrituras? Estes jovens conhecem esta urgência e têm-se oferecido como soldados nas mãos de Deus para cooperar neste trabalho hercúleo.
No início de março deste ano, a Missão Horizontes recebeu 11 adolescentes oriundos de diversas igrejas do Amapá que, somados a outros 25 de várias regiões do País que já estavam na base, em Monte Verde, MG, passaram a ser treinados com o objetivo de, em pouco tempo, começar a traduzir a Bíblia em outras línguas. Além desses, há mais 12 na Bolívia, numa segunda etapa do curso, e um na China, numa etapa avançada.
“Estes quarenta e nove adolescentes têm entre 13 e 18 anos, estão em vários estágios da vida e do aprendizado, e nossa expectativa é transformá-los em cientistas de línguas”, explica o líder da Missão, David Botelho. “Estamos desafiando-os a serem futuros tradutores da Bíblia, e eles estão respondendo ao chamado.” Para isto, além da estrutura da Horizontes, Botelho conta com a ajuda de uma grande parceira em Cuiabá, MT, a Missão Wycliffe (de John Wycliffe, reformador e tradutor da primeira Bíblia para o inglês, hoje uma organização especializada em traduções). O projeto-piloto da Horizontes começou em 2002, com apenas dois adolescentes: Raquel Nápoli, de 14 anos, filha do pastor presbiteriano de Bragança Paulista, Marcos Nápoli, e Bruno Lucas, também adolescente, filho da missionária Iara Lucas.
“A Raquel veio, ficou um ano na Missão, em Monte Verde, outro ano na Bolívia, foi para o País de Gales e hoje está na Índia, aprendendo a quarta língua, o hindi, e preparando-se para o curso de lingüística”, lembra o entusiasmado David Botelho. “O Bruno está terminando este ano e vai pro Peru”.
O Peru, aliás, será país importante no projeto da Horizontes/Wycliffe. Os jovens treinados no Brasil (um ano) e depois na Bolívia ou outro país da América Latina (mais dois anos e um de estágio) saem com certificado de conclusão do ensino médio e ainda com bacharelado em missiologia. Depois serão enviados para um curso universitário de lingüística no Peru, que, normalmente, dura quatro anos. “Mas, como nosso pessoal já teve a preparação, precisará apenas de um ano. Serão cientistas de línguas ágrafas, que ainda não têm língua escrita”, explica David Botelho.
Adolescentes Têm Maior Capacidade de Aprender Línguas David Botelho, o líder da Horizontes, instituição conhecida por ações ousadas e radicais em favor da evangelização mundial (a revista e site Impacto e o site do Jornal Hoje publicarão em breve o perfil e testemunho da missão), conta que em suas viagens percebia a necessidade de traduções das Escrituras, mas não achava ajudador idôneo para esta obra. Até que seus olhos pousaram sobre os adolescentes, especialmente os brasileiros.
“Fiz pesquisa e estudos – publicados no livro Revolution Teen – Adolescentes com propósitos, da Editora Horizontes – e descobri, por exemplo, que até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua”, informa. “Outra coisa que descobri – também provada cientificamente – é que quanto mais cedo se aprende uma língua, mais a massa cinzenta do cérebro cresce”.
David concluiu que os adolescentes e jovens brasileiros possuem as melhores condições para servir a Deus neste quesito. Ele está convicto de que Deus está levantando, a partir do Brasil, uma nova geração de missionários. “Uma geração mais bem preparada para aprendizado de línguas e com um desejo de ver a Palavra de Deus acessível a povos que, por séculos, foram esquecidos, até mesmo negligenciados, pela igreja”.
“Estamos vendo um avivamento teen no Brasil”, afirma David Botelho. “É um avivamento silencioso (e justo em garotos barulhentos, tachados de aborrecentes por muitos adultos insensíveis). E estes meninos e meninas estão causando um impacto em pais, pastores e professores. Estes jovens estão com uma sede tão grande de Deus que querem algo mais, e por isso não têm medo de encarar desafios”. O senso de responsabilidade destes teens tem surpreendido a muitos.
O papel da geração ‘antiga’, por assim dizer, nesta visão, será também importante, lembra David. “A geração dos pais enviará famílias missionárias para todo o mundo, anunciará a salvação já conquistada por Cristo e ainda ajudará a preservar a cultura em muitos lugares do mundo”. “Muitos antropólogos ateus dizem que os missionários estão acabando com a cultura, mas a realidade é que quando você coloca a língua escrita em uma cultura ágrafa, você está é preservando a cultura daquele povo”.
De 9 a 11 de dezembro de 2005, em uma reunião em Orlando, nos EUA, os líderes cristãos participantes chegaram à conclusão de que o maior potencial para evangelização mundial está entre os adolescentes. “E fico admirado que Deus esteja fazendo isto a partir do Brasil. E já temos visto e recebido adolescentes da Bolívia, e devem chegar da Colômbia, Alemanha e alguns países da África interessados nesta visão”.
Luiz Montanini faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto. É jornalista, editor do site www.jornalhoje.com.br e reside em Valinhos, SP.
Interessados em saber mais sobre o projeto, visitem o site www.horizontes.org.br, e-mail: [email protected] ou ligue fone 35 3438 1546.
Traduzindo a Visão
– O Brasil é hoje o maior produtor de Bíblias do mundo.
– Até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua.
– João Ferreira de Almeida, nosso primeiro e maior tradutor em língua portuguesa, iniciou seu trabalho de tradução aos 16 anos.
– O grande avivamento morávio – que deu origem ao movimento missionário moderno – começou com uma pré-adolescente de 11 anos, Susana Kuehnel.
Fonte: Jornal Hoje