O Observatório para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos organiza abaixo-assinado a ser enviado ao governo brasileiro solicitando a segurança e integridade física e psicológica de dom Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
O bispo de Altamira e Xingu é um dos três prelados católicos do Norte/Nordeste do país marcado para morrer. Na semana passada, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou intimidações que o arcebispo dom Mauro Aparecido dos Santos, de Cascavel, a 498 quilômetros de Curitiba, no Paraná, vem sofrendo por manifestar apoio às organizações dos sem-terra na região.
Carreata organizada por ruralistas, na sexta-feira, 16 de maio, teve seu ponto de culminância em frente à catedral, “numa clara expressão de pressão contra o arcebispo”, diz nota da CPT. A região de Cascavel é conhecida pela violência contra camponeses praticada por milícias privadas que agem sob a certeza da impunidade, aponta o organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em março passado, o reverendo Luiz Carlos Gabas, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, também foi alvo de intimidações. Enquanto dirigia ele foi abordado por dois carros, assustando-o. Gabas tem apoiado a luta dos sem-terra da região.
A situação mais dramática, no entanto, registra-se no Pará. “Somos mais de 300 pessoas ameaçadas de morte e apenas 100 têm proteção”, disse o bispo de Marajó, dom José Luiz Azcona, em depoimento, na terça-feira, 6 de maio, à Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados, em Brasília.
“Ora, se existem 300 pessoas marcadas para morrer, há uma sociedade doente, pobre e moribunda”, declarou Azcona. Ao falar para os integrantes da Comissão parlamentar, o bispo Flavio Giovenale denunciou a exploração sexual de crianças e adolescentes em Abaetetuba, a 134 Km da capital, sede do bispado. Por essas denúncias, dom Giovenale é outro bispo marcado para morrer.
O bispo do Xingu denunciou na Comissão a existência de um “consórcio do crime” na região. Há quase dois anos com proteção policial as 24 horas do dia, Kräutler comentou o desconforto de ter que andar acompanhado. Ele sente-se agredido também psicologicamente com as ameaças, mas garantiu que, apesar de toda a pressão, ele não vai embora de Altamira.
O presidente do Cimi disse que as ameaças de morte das quais é alvo decorrem da insatisfação de fazendeiros, madeireiros e políticos do Pará às denúncias que ele vem fazendo. Além da defesa dos povos indígenas, dom Erwin denunciou rede de exploração sexual existente em Altamira, cidade localizada a 830 quilômetros da capital, Belém.
A governadora do Pará, Ana Júlia Carpeta, do Partido dos Trabalhadores (PT), reconheceu, em nota à imprensa, uma lista de 60 pessoas que vêm recebendo ameaças de morte no Estado, e que estão sob proteção de 80 policiais. Entre os ameaçados consta, também, o padre José Amaro Lopes, de Anapu, cidade em que foi morta a irmã Dorothy Stang, em 12 de fevereiro de 2005.
O Observatório para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos é um programa conjunto da Organização Mundial contra a Tortura (OMCT) e da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH).
Fonte: ALC