Durante o primeiro e segundo século da era cristã, os cristãos precisaram enfrentar uma série de perseguições para conseguir manter a fé em Jesus, uma vez que eram vistos como uma ameaça à ordem social. Agora, descobertas realizadas em Midyat, na província de Mardin, na Turquia, reforçam estes fatos.
Os arqueólogos encontraram nesse local, chamado “Matiate”, o que consideram uma cidade subterrânea, usada pelos cristãos como refúgio contra a perseguição religiosa e política.
São longos túneis que levam a câmaras distintas, equipadas com poços de água e outras benfeitorias necessárias à sobrevivência de pelo menos até 60 mil pessoas, segundo o chefe das escavações em Matiate, Gani Tarkan.
“Matiate tem sido usada ininterruptamente por 1.900 anos. Foi construída primeiro como um esconderijo ou área de fuga pelo cristianismo, que não era uma religião oficial no século II”, disse Tarkan.
Cristãos refugiados
No começo da igreja primitiva, antes do cristianismo ter se tornado uma religião oficial, era comum os seguidores de Jesus se reunirem em locais subterrâneos. Esse método de sobrevivência das tradições religiosas também foi utilizado por outros povos, como os judeus, entre os hasmoneus e os períodos romanos.
“Famílias e grupos que aceitavam o cristianismo geralmente se refugiavam em cidades subterrâneas para escapar da perseguição de Roma ou formavam uma cidade subterrânea”, explicou Tarkan.
O local impressiona pela complexidade estrutural, visto que foi elaborado numa época onde não havia qualquer tipo de tecnologia, senão ferramentas puramente manuais. Apesar disso, a obra de engenharia sob o solo foi capaz de resistir a milênios, servindo de abrigo por gerações.
“Possivelmente, a cidade subterrânea de Midyat era um dos espaços de vida construído para este fim. É uma área onde estimamos que pelo menos 60-70.000 pessoas viviam no subsolo”, concluiu Tarkan, segundo o Daily Sabah.