As autoridades libanesas condenaram hoje a “agressão” de Israel contra seu território e elogiaram a atuação do Exército, já que disparou contra os soldados israelenses que tentavam entrar no país.
Em comunicado oficial, o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, afirmou, após se reunir com o representante da Secretaria-Geral da ONU, Geir Pederson, que o Governo “condena essa nova agressão contra a soberania do Líbano e a violação da Linha Azul”.
Na quarta-feira à noite ocorreu um tiroteio entre os Exércitos libanês e israelense quando este último ultrapassou a fronteira, a bordo de tanques, entrando 15 metros na região central do sul do Líbano, segundo um comunicado militar libanês.
No entanto, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) assegurou que as tropas israelenses não chegaram a entrar em território nacional libanês.
“Esta violação flagrante se acrescenta às aéreas, que são quase cotidianas e que não cessaram, apesar do acordo de cessar-fogo que pôs fim às hostilidades em 14 de agosto”, acrescentou Siniora, referindo-se à invasão israelense ao Líbano em 12 de julho.
Siniora, sunita, comentou também que tinha dado ordens ao Exército, com cujo comando está em contato desde ontem à noite, para que enfrente qualquer outra agressão israelense.
O presidente, o cristão Émile Lahoud, elogiou o Exército pela reação. “Esta atuação é a normal de uma instituição que sempre fez enormes sacrifícios para restaurar a unidade e a integridade do país”, afirmou Lahoud.
Lahoud condenou também as provocações israelenses no sul do Líbano e suas contínuas violações da resolução 1701 e pediu à comunidade internacional que intensifique os esforços para evitar que estas violações das leis internacionais se repitam.
O chefe do Parlamento, o xiita Nabih Berri, também elogiou o Exército por ter impedido a violação do território libanês e da Linha Azul, marcada pela ONU em 2000 para confirmar a retirada israelense do sul, após 22 anos de ocupação.
O deputado do Hisbolá Hassan Fadlala, xiita pró-iraniano, descreveu a ação israelense como uma “agressão grave contra o território libanês, mais uma da longa lista de violações aéreas, terrestres e marítimas israelenses contra a soberania do Líbano”.
“Tudo acontece diante do nariz da ONU, que não se movimenta”, acrescentou Fadlala.
O deputado provavelmente se referia à invasão israelense ao Líbano de 1982, quando os capacetes azuis da ONU mobilizados no sul do Líbano deixaram o Exército israelense passar sem efetuar um só disparo.
No entanto, nesta última invasão, os soldados da ONU não precisaram disparar, porque o Exército israelense se retirou logo depois de saber que as Nações Unidas enviariam tropas, desta vez européias.
A tranqüilidade voltou hoje à fronteira, onde cerca de 250 capacetes azuis espanhóis, italianos e franceses patrulham a região.
O Exército libanês também enviou reforços e intensificou seus efetivos ao longo da fronteira que separa os dois países.
Fonte: Gazeta Online