A banda Quatro por Um, que foi uma das boas surpresas surgidas na música gospel no ano de 2003, chega ao seu quarto disco. Enquanto houver fôlego foi lançado no início de 2008 pela MK Music e possui uma grande diversidade de temas e ritmos. Uma das novidades está no fato de que o cd está bem mais pesado e com arranjos mais modernos.
Seu álbum anterior, denominado Um chamado, recebeu, no final de 2007, seu segundo disco de Ouro certificado pela ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).
O 4/1 foi formado em 2003 por músicos com bastante experiência no mercado gospel. O baixista Marcus Salles (pastor e compositor), o baterista Walmir Bessa (Vencedor do Batuka de 1999, que também já integrou o grupo instrumental “Linha Dois”), o tecladista Emerson Pinheiro (produtor de Fernanda Brum, Voices entre outros nomes da música gospel) e o guitarrista catarinense Duda Andrade possuíam carreiras consolidadas como músicos e produtores antes de se unirem.
Por esse motivo, estarem juntos não foi algo tão fácil, nem uma decisão tão simples. Eles tiveram de abrir mão de uma série de compromissos particulares quando iniciaram esse ministério em comum. Inclusive, no ano de 2006, devido aos muitos compromissos da banda, o tecladista e pastor Emerson Pinheiro optou por deixar a banda.
Neste novo trabalho a banda apresenta seu novo componente, o tecladista Bruno Santos que, além de tocar, também participou como compositor em duas canções, incluindo a faixa título, numa parceria com o batera Walmir Bessa.
A sonoridade diferente presente no repertório foi criada pela banda em parceria com o técnico de áudio e amigo do grupo, Edinho Cruz, que também mixou o último trabalho deles. Na mixagem deram um destaque maior ao uso de ambiência na bateria, na guitarra e no violão, dispensando o uso excessivo de efeitos.
Enquanto houver fôlego traz doze canções, sendo onze inéditas e uma regravação. As composições são de autoria própria, mas também contam com uma parceria inédita entre Duda Andrade e alguns jovens da Igreja Nova Vida da Barra da Tijuca-RJ, da qual ele é membro.
Assim como seus lançamentos anteriores, o encarte traz as letras dos hinos com suas respectivas cifras. Uma mão na roda pra quem não tem facilidade pra tirar músicas de ouvido e também pra evitar essa série de cifras erradas que são encontradas na internet.
O repertório tem inicio com a energia contagiante do pop rock. Até eu contemplar dá seqüência a boa impressão lírica e harmônica deixada em seus álbuns anteriores.
A faixa a seguir traz uma sonoridade bem moderna de um estilo que ainda não havia sido explorado pela banda. Corro pra Ti traz aquela pegada britânica de ministérios como “Delirious?”, “Matt Redman”, “Rita Springer” e “Chris Tomlin”. Somzeira!
Em Minha razão o quarteto explora o peso do hard rock. A canção lembra um pouco a pegada dos australianos do United.
“Quem não conhece uma história assim?” Daniel é um momento interessante. O hino versa sobre um jovem que aos 15 anos de idade passa a ter a responsabilidade de cuidar de sua família após serem abandonados pelo pai. Mas o jovem não desanima e crê que Deus está no controle não importa a aparência das circunstancias ao nosso redor. “Aconteça o que acontecer, Daniel confia em Deus”.
Minha canção é cativante desde os primeiros acordes. O louvor é uma oração de gratidão a Deus, também em ritmo de pop rock.
Um dos momentos mais contemplativos do repertório é a canção Compaixão. O Quatro por Um sempre deixou bem evidente a tendência do grupo para ministrações com canções bem congregacionais apesar do estilo roqueiro da banda. Com certeza este cd está mais pesado que os demais, mas as letras mantêm as melodias de fácil de assimilação para que as igrejas possam cantar junto.
Em cada lançamento a banda tem inserido no seu repertório louvores conhecidos. No primeiro disco gravaram uma versão para “Abre os olhos do meu coração” de Paul Baloche. Em De volta a inocência gravaram “Vim para adorar-Te”. Em Um chamado resgataram o hino “Jesus em Tua presença” com a participação de Aline Barros. Desta vez a escolhida foi Espírito Enche a minha vida gravada originalmente pelo bispo Bené Gomes e o Ministério Koynonia de Louvor.
Diferente das regravações dos outros discos, desta vez eles trabalharam a música toda, que ficou com uma roupagem bacana e uma sonoridade bem contemporânea.
A faixa título é um belo hino de adoração. Traz uma pegada mais suave, mas sem perder a veia pop rock. Com certeza, Enquanto houver fôlego, ao lado da faixa três (Daniel), estará entre as mais pedidas das programações das rádios evangélicas.
Desde o primeiro álbum que o pastor Marcus Salles tem se destacado com composições muito bonitas. Depois da saída de Emerson, ele passou a ser também o responsável pela interpretação dos hinos. Majestoso mantém a pegada congregacional do hino anterior. Harmonicamente simples, mas com melodia, interpretação e letra envolventes.
Eu vou gritar traz um arranjo dinâmico, sem exageros, explorando toda versatilidade da banda.
A seguir ouvimos Difícil é te deixar que é mais uma no estilo “brit rock”. Muito boa também.
Pra fechar o repertório ouvimos Eu acredito, que traz uma pegada pesada que não perde em nada para as demais bandas roqueiras do mercado gospel.
Em um balanço geral, podemos afirmar que os arranjos de guitarra estão muito bons. O guitarrista catarinense explora todo o seu virtuosismo com licks e riffs criativos, encaixados nos momentos certos, explorando timbres bem interessantes. Também vale a pena destacar o ótimo entrosamento entre a batera e o baixo.
A pegada britânica que foi bastante explorada pela banda neste álbum, alcançou notoriedade na década de 80 por ocasião do lançamento de premiadíssimo “The Joshua Tree” do U2. Aqui no gospel nacional, outros ministérios independentes também têm explorado essa sonoridade, como a mineira Heloísa Rosa, o paulista Juliano Son (Livres para Adorar) e o capixaba Lucas Souza.
O 4/1 mantém ainda um trabalho evangelístico realizado com jovens em escolas e universidades com o objetivo de conscientizar, levando a palavra de Deus através da música.
Enquanto houver fôlego marca o ministério da banda, principalmente pela ousadia de explorar novas sonoridades. O disco todo é muito bom e tem tudo para agradar em cheio não só aos jovens evangélicos, mas aos jovens em geral.
Fonte: Super Gospel