CHINA – A tocha dos Jogos Olímpicos de Beijing foi acesa hoje em meio a um forte esquema de segurança na cidade grega de Olímpia, onde a competição nasceu no ano 776 antes de Cristo, e em uma cerimônia marcada por protestos contra a situação dos direitos humanos na China.
Um pouco antes do acendimento da chama, três homens, membros da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), fizeram um protesto durante o discurso do presidente Comitê de Organização dos Jogos Olimpícos (BOCOG), Liu Qi.
Um dos indivíduos conseguiu exibir uma faixa com a frase “Boicote ao país que pisa nos direitos humanos” e outro gritou “Liberdade, Liberdade” atrás da tribuna oficial. Os três foram detidos por policiais logo depois.
Antes do fim do protesto também conseguiram exibir um cartaz que representava os anéis olímpicos como algemas.
Como manda a tradição, a tocha foi acesa com os raios solares refletidos em um espelho parabólico.
O público presente estava composto em sua maioria por funcionários do governo, jornalistas e pessoas que receberam ingressos, já que o acesso foi estritamente controlado.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, afirmou durante a cerimônia que a Olimpíadas de Beijing é uma oportunidade para que a China e o mundo aprendam, se descubram e se respeitem mutuamente.
Rogge declarou estar “triste” com os incidentes ocorridos na cerimônia de acendimento da tocha olímpica na Grécia, mas ressaltou que pelo menos estes foram “não violentos”.
“Acho que é sempre triste quando acontecem manifestações, mas estas foram não violentas e isto é o mais importante”, declarou Rogge à imprensa, pouco depois da cerimônia.
Também afirmou que não vê entusiasmo na comunidade internacional para estimular um boicote dos Jogos Olímpicos, apesar da repressão chinesa no Tibete e a repressão contra os cristãos chineses de igrejas subterrâneas.
Boicote
A organização RSF justificou o protesto em Olímpia ao afirmar que os direitos humanos são mais sagrados que a chama olímpica, depois que três de seus membros foram detidos pela polícia grega em Olímpia,
“Se a chama olímpica é sagrada, os direitos humanos são ainda mais. Nós não podíamos permitir que o governo chinês se apoderasse da chama olímpica, um símbolo de paz, sem denunciar a dramática situação dos direitos humanos no país, a menos de cinco meses para a abertura dos Jogos Olímpicos”, afirma o comunicado divulgado pela RSF em Paris.
Entre os três representantes da organização de defesa da liberdade de imprensa detidos pela polícia durante a cerimônia de acendimento da tocha olímpica estava seu secretário-geral, Robert Ménard, que no domingo foi condecorado cavaleiro da Legião da Honra pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy.
“O tratamento reservado na China àqueles que se expressam livremente, a censura imposta à imprensa e o blecaute sobre o Tibete pedem a mobilização. Atualmente, todos os meios são válidos para denunciar as graves violações das liberdades fundamentais na China. Nós manifestamos cada vez que podemos”, afirma a organizaçãó.
Na China, a televisão estatal interrompeu por alguns momentos a transmissão da cerimônia. Para evitar qualquer incidente, a televisão chinesa transmitiu a cerimônia com um pequeno atraso de alguns segundos.
Fonte: Portas Abertas