Ernesto Araújo, embaixador indicado por Jair Bolsonaro (PSL) para chefiar o Ministério das Relações Exteriores, se comprometeu a defender a visão conservadora de mundo nas frentes que forem necessárias, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU). Falando francamente, o chanceler se posicionou contra a ideologia de gênero e outros subprodutos do marxismo cultural.
Araújo produziu um artigo para compartilhar a missão a ele delegada pelo presidente eleito onde afirma que “em uma democracia, a vontade do povo deve penetrar em todas as políticas”, e disparou críticas à grande mídia por delimitarem, conforme seus gostos, o alcance do desejo do povo, falsificando os efeitos do que deveria ser um Estado democrático. “As pessoas daquele sistema midiático-burocrático, que gostam tanto de falar em democracia, não sabem disso. Perguntam-se, assustadas: ‘O que vão pensar de mim os funcionários da ONU, o que vai dizer de mim o New York Times, o que vai dizer The Guardian, Le Monde?’”, ironiza.
O texto, publicado no jornal A Gazeta do Povo, se dirige a quem considera o novo chanceler “maluco”, e expõe a fragilidade das críticas feitas aos princípios adotados por Bolsonaro na condução da política externa brasileira.
“Você diz que é contra a ideologia, mas, quando eu digo que sou contra o marxismo em todas as suas formas, você reclama. Quando me posiciono, por exemplo, contra a ideologia de gênero, contra o materialismo, contra o cerceamento da liberdade de pensar e falar, você me chama de maluco. Mas, se isso não é o marxismo, com estes e outros de seus muitos desdobramentos, então qual é a ideologia que você quer extirpar da política externa? “A ideologia do PT”, você me dirá. E a ideologia do PT acaso não é o marxismo?”, acrescenta.
Ernesto Araújo – que foi indicado a Bolsonaro pelo filósofo Olavo de Carvalho, também responsável pela sugestão do nome do futuro ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodríguez – diz em seu artigo que “as coisas que eu critico, critico-as porque sei que são parte e continuação da ideologia que você diz repudiar”.
“O alarmismo climático (sobre o qual falarei em outra oportunidade), o terceiro-mundismo automático e outros arranjos falsamente anti-hegemônicos, a adesão às pautas abortistas e anticristãs nos foros multilaterais, a destruição da identidade dos povos por meio da imigração ilimitada, a transferência brutal de poder econômico em favor de países não democráticos e marxistas, a suavização no tratamento dado à ditadura venezuelana, tudo isso são elementos da ‘ideologia do PT’”, contextualiza o texto.
Por fim, o novo chanceler brasileiro promete combater todas essas coisas que, no final, são a essência do marxismo: “Quando eu me posiciono contra todas essas pautas, você diz que eu sou ideológico e sustenta que eu não deveria fazer nada a respeito. Se a prioridade é extrair a ideologia de dentro do Itamaraty, não lhe parece conveniente ter um chanceler capaz de compreender a ideologia que existe dentro do Itamaraty? Alguém que estuda essa coisa nos livros, há muitos anos, e não simplesmente ouviu alguma referência num segmento do Globo Repórter?”, questionou.