A pastora Nadia Bolz-Weber, 42, começou a exercer sua vocação em uma igreja histórica, mas de forma não convencional. Hoje ela serve em uma igreja do Colorado, um dos Estados americanos com maior concentração de evangélicos.
Na última Páscoa ela foi convidada pregar numa cerimônia para cerca de 10 mil pessoas no famoso anfiteatro Red Rocks, onde a banda de rock U2 já gravou um disco ao vivo.
Ela tem uma grande audiência para seu sermões através de seu blog e conta no Twitter, sendo elogiada por grande parte do movimento cristão progressista americano. Ela se descreve no blog como “Uma luterana sarcástica… A espiritualidade mal-humorada de uma mulher pós-moderna… numa igreja emergente a la Lutero”.
Ela já foi garçonete e humorista de espetáculos stand up Hoje ela dirige a igreja House of All Sinners and Saints [Casa de todos os santos e pecadores], que ajudou a fundar enquanto ainda estudava no seminário Iliff School of Theology.
Embora seu público médio aos domingos seja menos de 100 membros, na grande maioria jovens, a influência exercida por ela vai muito além das paredes do templo. Bolz-Weber afirma que sua igreja é “anti-excelência e pró-participação “.
Ela afirma que não deseja ter uma mega-igreja. ”Jesus quer que você seja rico” atrai pessoas. Mas o conforto não é um dom do Espírito Santo. A mensagem que prego de “Venha e morra para si mesmo nunca vai fazer sucesso”, disse ela.
A pastora resume a missão de sua pequena igreja como “um grupo de pessoas tentando descobrir como serem litúrgicos, cristocêntricos, que lutam pela justiça social, aceitam homossexuais, uma igreja encarnada, contemplativa, irreverente, progressiva, mas profundamente enraizada na imaginação teológica “.
“Eu realmente não tenho a personalidade que se espera de um pastor”, diz ela. Ela tatuou todo o ano litúrgico nos braços e explica sua opção: “Comecei com uma imagem da Criação e do cosmos, logo abaixo vem o anjo Gabriel descendente. Isabel grávida e Zacarias estão perto da cena da Natividade: Maria, José e Jesus, juntamente com um burro e uma vaca. Em seguida, vem Jesus no deserto (Quaresma), seguido de imagens da Sexta-Feira Santa e da Crucificação. A próxima cena é o anjo e as mulheres ao túmulo vazio, na Páscoa, e a imagem final é Maria e os apóstolos com chamas na cabeça, no dia de Pentecostes. Há também imagens de Maria Madalena e da ressurreição de Lázaro, que ela afirma refletirem o que aconteceu em sua própria vida. Para ela, as tatuagens são “uma forma de colocar para fora quem somos por dentro”.
“Eu não as fiz pensando intencionalmente: “ah, com isso eu posso tentar atrair as pessoas”. Eu sou quem sou. Para mim, evangelismo é sermos autenticamente quem somos, agentes da história onde Deus nos colocou… ”
Apesar de seu visual de cantora de rock, a liturgia do culto é tradicional, com cânticos e antigos hinos tradicionais cantados a capela. Mas os membros repartem as leituras e são estimulados a criar a sua própria arte.
“Não fazemos nada realmente bem-feito”, disse ela, “mas fazemos juntos.” A maioria de seu rebanho não frequentava regularmente a igreja, quando ela começou a se reunir com eles, alguns eram ex-evangélicos feridos ou simples “curiosos”, como ela se denomina.
“Fiquei fora da igreja durante 14 anos. Eu não queria ter nada a ver com isso”, explica. “Eu odiava o cristianismo… Eu não gostava de sua arrogância.”
Quando jovem, tornou-se alcoólatra e usou drogas. Limpa e sóbria há 19 anos, ela diz que um despertar levou ao outro. Participou de outras igrejas, mas acabou escolhendo a Luterana depois de conhecer seu marido, Matthew Weber que também é pastor luterano, mas de uma linha mais conservadora. Eles casaram em 1996, e hoje tem dois filhos pré-adolescentes.
“Todos nós somos pecadores e santos ao mesmo tempo. Vivemos em resposta à graça de Deus. Ninguém está acima dos outros numa escala espiritual.”
Fonte: Pavablog