Um cristão batista da região sudoeste de Brest foi multado em 124.000 rublos (R$ 160) – o que equivale a aproximadamente duas semanas de salário local – por organizar um acampamento de verão para a igreja. O Forum 18 registrou que esta é a primeira multa significativa em um ano dada a um membro do Conselho de Igrejas Batistas em Belarus.
Vasili Marchenko, funcionário superior para Assuntos Religiosos na região de Brest, declarou ao Forum 18 em 13 de setembro que a multa foi condescendente.
“Qual país europeu iria tolerar que um grupo de pessoas faça o que quer, ignorando completamente a lei e o Estado, sem responder aos questionamentos das autoridades? Qualquer país iria puni-los severamente”.
Viktor Orekhov foi multado por uma corte administrativa no distrito de Brest em 24 de agosto. O Conselho das Igrejas Batistas relatou o fato em 8 de setembro. Eles disseram que o caso foi apresentado com base em um protocolo de 7 de julho redigido pelo líder do conselho da vila de Mukhavets.
Em protesto contra a decisão, Orekhov escreveu que ele não formou uma organização religiosa na vila próxima de Semisosny.
Em vez disso, “pais e filhos de várias regiões se juntaram para se confraternizarem e relaxarem em um lugar privado que pertence a cristãos. Parece que nós somos culpados por sermos cristãos. Foi por isso que fui processado e multado”.
O funcionário para Assuntos Religiosos, disse ao Forum 18 que Orekhov foi processado com base no artigo do Código Administrativo de Violações que pune a criação ou liderança de uma organização religiosa não registrada junto ao Estado.
A Lei de Religiões de 2002 também exige registro junto ao Estado para todas as comunidades. Dentre as muitas restrições, limita atividades religiosas nos locais onde a comunidade está registrada.
Os cristãos batistas de Brest fizeram seu acampamento na vila de Semisosny depois de não conseguirem alugar o local que usaram nos anos anteriores, segundo relatou Conselho das Igrejas, em 30 de junho.
Blitz
Todos os dias de 23 a 29 de junho, funcionários de vários setores como higiene, ecologia, florestal, assuntos juvenis e outros verificaram as famílias e as condições do acampamento.
Em 29 de junho três representantes da igreja, incluindo Orekhov, se encontraram com o chefe da polícia da região de Brest, Andrei Pronevich. Ele, de acordo com o relatado, pediu que as crianças deixassem Semisosny e ameaçou usar a força se os batistas continuassem com o acampamento.
Na noite de 29 de junho, relataram os batistas, Pronevich levou um grupo de policiais ao lugar particular onde as famílias batistas estavam acampando.
Intimidação
Dois funcionários interrogaram as crianças sem o consentimento dos pais, eles protestaram, enquanto um terceiro filmava os procedimentos. Apesar das ameaças e da intimidação, os batistas relataram que o acampamento não foi fechado.
Marchenko disse: “O que se pode fazer com estas pessoas? Regulamentos rigorosos contra incêndios e padrões de higiene também foram aplicados”, disse ele, “de modo que nenhuma criança sofra intoxicações alimentares”. Isto é responsabilidade do Estado, ele insistiu, “para assegurar os alimentos do acampamento”.
Quando o Forum 18 sugeriu que os cristãos batistas não realizaram um acampamento para crianças, mas sim para famílias, Marchenko os acusou de serem “espertos e enganadores”.
“Eles disseram que foi apenas um acampamento para famílias, mas sabemos que não foi. As crianças fizeram parte de um acampamento educacional”. Enquanto o número de participantes flutuou, ele estimou que havia 50 pessoas em média.
O Conselho das Igrejas Batistas se desligou em 1961 da União Batista, reconhecida pelo governo em protesto contra as regulamentações soviéticas para prevenir atividades missionárias e ensino religioso para crianças. Eles se recusaram por princípio a registrar-se junto às autoridades em países pós-soviéticos.
Fonte: Portas Abertas