O papa Bento XVI afirmou ontem que os cristãos enfrentam ainda hoje perseguição, tortura e morte em algumas partes do mundo e continuam convertendo-se em mártires da fé. A mensagem do pontífice foi dirigida a peregrinos católicos durante a o Dia de Santo Estêvão, considerado o primeiro mártir cristão. A data é celebrada imediatamente após o Natal.
O papa afirmou que os cristãos que morreram por sua fé rezavam pelo perdão dos algozes. “Sempre devemos notar que essa é uma característica distintiva do mártir cristão, (pois) trata-se de um ato de amor dirigido a Deus e aos homens, sem excluir seus perseguidores”, afirmou Bento XVI a uma multidão aglomerada, sob chuva, na Praça de São Pedro. “O martírio cristão nos lembra da vitória do amor sobre o ódio e a morte.”
Santo Estêvão foi apedrejado até a morte por uma multidão em Jerusalém no momento em que o cristianismo estava começando a se disseminar. Seu discurso em defesa da fé durante o julgamento sumário e sua execução, apoiada com entusiasmo pelo rabino Saulo de Tarso, que se tornaria pouco depois o apóstolo São Paulo, são narrados na Bíblia no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 7.
Bento XVI afirmou que martírios como esse continuaram ocorrendo até hoje. “Não é raro, até mesmo hoje, que recebamos notícias de várias partes do mundo de missionários, sacerdotes, bispos, monges, religiosas e leigos perseguidos, encarcerados, torturados, privados de sua liberdade e impedidos de exercer (sua fé) porque são discípulos de Cristo.”
O papa assinalou que, em sua última encíclica Spe Salvi (Salvos pela Esperança), conta a experiência do padre Le-Bao-Thin, mártir vietnamita cujo exemplo demonstra que “o sofrimento pode converter-se em alegria mediante a força da esperança que procede da fé”.
Bento XVI não mencionou outros casos específicos. Mas, há menos de duas semanas, um sacerdote católico italiano foi esfaqueado em sua igreja, na Turquia, no mais recente atentado de uma série de crimes contra cristãos no país. Também na Turquia, em abril, três cristãos foram degolados. Anteontem, na Índia, hindus radicais incendiaram e depredaram 12 igrejas. Ao menos uma pessoa morreu.
Fonte: Estadão