O tráfico internacional de seres humanos para exploração sexual, trabalho ilegal ou abuso de menores afeta quase todos os países do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Na tentativa de aprofundar o debate sobre esse problema, o Serviço à Mulher Marginalizada (SMM) lançou, na quarta-feira (31), a publicação “Tráfico de Pessoas: uma Abordagem Política”. No dia do lançamento, foi realizada uma mesa-redonda que contou com a participação de diversas entidades. A discussão ficou em torno das implicações desse crime, no que se refere às questões migratórias, étnicas, econômicas e de gênero.
No Brasil, essa questão já vem sendo discutida entre movimentos sociais e organizações específicas. As universidades e faculdades também estão participando do debate por meio de seminários, pesquisas e publicações especializadas. Priscila Siqueira, do SMM, acredita que esse envolvimento das universidades é um avanço importante para uma visão mais ampla do problema. “O papel da universidade é o de refletir sobre as questões que dizem respeito à sociedade em geral. A universidade está posicionando-se na luta, como fez em outras oportunidades”, afirma.
De acordo com Priscila, a procura por informações realizada por estudantes vem crescendo muito nos últimos anos: “Isso pode ajudar a clarear a questão. O ensino deve está ligado ao contexto em que vivem os estudantes”. Segundo as entidades, o grande desafio atual é a avaliação e o monitoramento do Plano Nacional por parte da sociedade civil. Além disso, reivindica-se a implementação de uma legislação democraticamente aprovada no Congresso Nacional para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
O relatório do Escritório das Nações Unidas Contra o Crime e as Drogas (UNODC) revela que o tráfico internacional de mulheres, crianças e adolescentes movimenta a cada ano entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões, o que o torna uma das atividades mais lucrativas do crime organizado transnacional. Em 2006, cerca de 54% das vítimas no mundo todo foram mulheres; 44% foram crianças.
No Brasil, a maioria das vítimas é de origem humilde e recebia até três salários mínimos. Goiás, Paraná e Minas Gerais são os principais estados de onde saem essas mulheres. Elas têm, em média, entre 15 e 27 anos e são aliciadas por taxistas, donos de boates e agências de modelo. O tráfico de pessoas se dirige principalmente à América do Norte e à Europa Ocidental, onde os destinos mais comuns são Espanha, Itália, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda e Bélgica.