Membros e representantes de igrejas e instituições evangélicas publicaram carta expressando solidariedade ao cidadão evangélico Juan Mallea, que foi mais uma vez acusado de colaborar com o movimento terrorista Sendero Luminoso, apesar de sua inocência ficar registrada há 14 anos.
Os evangélicos também expressam “indignação” frente às surpreendentes declarações do general reformado Carlos Domínguez, que foi o chefe da Direção Nacional contra o Terrorismo (DINCOTE) em 1993, no marco do processo de desaparecimento de um professor e nove estudantes da Universidade La Cantuta, em 1992.
Domínguez reiterou, como fez há 14 anos, que Mallea foi o autor dos planos que davam conta do lugar onde estavam enterrados os desaparecidos de La Cantuta, e que este fato era parte de um plano do Sendero Luminoso para culpar as forças do Estado dos crimes e desprestigiar o governo.
O manifesto dos evangélicos sustenta que o “depoimento cristão” demonstrado por Mallea, bem como “sua ativa vinculação com a igreja local”, evidenciam a ausência de vínculos com movimentos terroristas. Agrega ainda que o Poder Judiciário ordenou a libertação de Mallea “depois de permanecer mais de nove meses injustamente encarcerado”.
Os evangélicos também assinalam que a detenção de Mallea foi utilizada “vergonhosamente como pretexto para ocultar as responsabilidades do bárbaro crime do professor e de estudantes de La Cantuta”. Agregam que isto o converteu num “dos símbolos da violação dos direitos humanos, mas também da solidariedade da comunidade cristã, de homens e de mulheres de boa vontade em muitas partes do mundo.”
Por último, ressaltam que o Concílio Nacional Evangélico do Peru (CONEP), bem como a Aliança Cristã e Missionária de Comas, da qual Mallea é membro, saíram em defesa dele, depois de conhecer “sua arbitrária detenção”, além de prestar “depoimento conseqüente de seu compromisso e vocação pela justiça e a verdade”.
O documento deplora as declarações do general Domínguez, que, curiosamente, pertence à mesma denominação de Juan Mallea, a Aliança Cristã e Missionária de Comas. Pedem, bem por isso, que o general peça escusas a Mallea. “Só uma pessoa indigna é incapaz de persistir no erro conhecendo a verdade”, advertiram.
Assinam o documento o pastor Rafael Goto Silva, presidente do CONEP; pastor Daniel Cauracuri, representante da Confraternidade Peruana de Pastores Evangélicos (CONPPE); pastor Eleazar Soria, da Fraternidade Internacional de Pastores Cristãos (FIPAC); Associação Paz e Esperanza e membros de várias igrejas evangélicas.
Fonte: ALC