Os acordos de paz assinados pelos presidentes de países da América Central em Esquipulas, na Guatemala, completam hoje 20 anos e os acordos de Sapoa, que culminaram com a guerra da resistência com o exército da Nicarágua, 19 anos.
Os acordos de 7 de agosto de 1987 estabeleceram a paz na conturbada região. Eles firmaram que o governo da Nicarágua e os Contra, apoiados pelos Estados Unidos, deviam cessar as hostilidades e discutir maneiras de se alcançar a paz.
Essa discussão foi realizada na reunião de Sapoa, comunidade fronteiriça com a Costa Rica, e que deu origem à assinatura de um acordo entre a liderança dos Contra, representada por Adolfo Calero Portocarrero, e o vice-presidente da República na época, o escritor Sergio Ramírez Mercado. Foram testemunhas dos convênios de paz o cardeal Miguel Obando y Bravo e o então secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), Joa Baena Soares.
O Diretor do Centro Intereclesial de Estudos Teológicos e Sociais (Cieets), o teólogo menonita Jairo Arce, disse que completados 20 anos da assinados dos acordos de paz ainda há violência estrutural, violência intrafamiliar e física presente na região. Quase diariamente ocorrem crimes e suicídios que são sintomas de uma sociedade enferma.
Para o teólogo menonita, os políticos só pensam em encher seus estômagos e não se preocupam em contribuir para o estabelecimento da paz social e o fim do desemprego. “A paz e o emprego são vitais, mas os políticos vivem concentrados em defender seus interesses de poder e não se preocupam em promover projetos sociais que minimizem a pobreza”, expressou.
Para o pastor batista e presidente fundador do Conselho de Igrejas Evangélicas Pró Aliança Denominacional (Cepad), Gustavo Adolfo Parajon, os acordos foram muito positivos para a Nicarágua, que vivia seus piores momentos numa guerra entre irmãos.
Os acordos, analisou, ofereceram oportunidade para o estabelecimento de uma saída negociada à guerra entre Contras e o exército. Depois da assinatura dos acordos de Sapoa foram realizadas as eleições de 1990, quando a viúva de Chamorro, Violeta, saiu vitoriosa.
Segundo Parajon, Violeta Chamorro desempenhou um papel fundamental para a reconciliação e a paz. Hoje, 20 anos depois, há sérios problemas de pobreza e os que mais sofrem são os moradores da área rural por causa da escassez de cobertura dos serviços de saúde e educação.
O pastor batista Marcelino Basset disse que os acordos estão dando resultados, mas ainda falta muito para se alcançar a paz social e a justiça com eqüidade.
Fonte: ALC