O grupo de ensino paulista UNIESP (União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo), que reúne 43 faculdades particulares, está sendo acusado de pagar uma espécie de “dízimo” para igrejas que indicarem alunos bolsistas do FIES para as faculdades que administra.
De acordo com a Folha de São Paulo, a UNIESP repassa para as igrejas com que mantém convênio 10% do que recebe do FIES (Financiamento Estudantil Federal) por aluno indicado pelas instituições religiosas. Diversas igrejas teriam assinado o convênio se comprometendo a indicar estudantes apenas à UNIESP e a estimular a transferência de membros matriculados em outras faculdades para o grupo paulista. Em troca das indicações essas igrejas receberiam o repasse, descrito como um “dízimo em favor da construção da obra de Deus”.
O grupo tem cerca de 65 mil estudantes matriculados, dos quais 12,5 mil se beneficiam do financiamento federal. Entre os beneficiados pelo FIES, 2 mil teriam ingressado na UNIESP através do convênio com as igrejas. Além do FIES o “dízimo” se estenderia aos indicados que aderirem ao programa Escola da Família, do governo de São Paulo, que paga 50% das mensalidades de alunos que ajudem as escolas públicas de ensino básico. O grupo tem 2.850 alunos inscritos no “Escola da Família”.
Para a UNIESP, os convênios com igrejas geram envolvimento com essas entidades e isso ajudaria a chamar alunos mais pobres. O presidente da entidade educacional, Fernando Costa, afirma ainda que o dízimo serve para que “exista um envolvimento entre a igreja e a instituição”. “É uma relação de parceria que nós temos”, declarou Costa, que disse também que a parceria com igrejas de diversos tipos de credo tem como objetivo promover o ingresso de alunos carentes no ensino superior. Em resposta à reportagem, ele disse ainda que a prática ocorre também entre outras faculdades e igrejas.
As denúncias detalham ainda que as mensalidades dos alunos beneficiados pelo FIES nas faculdades ligadas ao grupo paulista são até três vezes maiores do que as praticadas com os demais estudantes. Tal prática é proibida por lei. A Secretaria de Educação de São Paulo afirmou que irá apurar o caso visto que o programa “não prevê terceirização de serviços nem repasse de recursos para entidades não credenciadas”. O Ministério da Educação também informou que investigará como a instituição administra as verbas recebidas através do financiamento.
A UNIESP está envolvida também em outra denúncia de fraude. De acordo com o MEC, 17 das 43 faculdades do grupo foram proibidas de oferecer o financiamento federal depois que se constatou que a instituição usou cursos cadastrados no Fies para conseguir financiamento para alunos de cursos que não estavam habilitados no programa.
Fonte: Gospel+