O time chegou a ser campeão da Copa dos Campeões em 2001, mas a competição só teve três edições.
Campeão também em 1990, essa foi a segunda vez que o Rubro-Negro faturou a Copa do Brasil. O título garante ao clube da Gávea uma vaga na Taça Libertadores de 2007, além de um prêmio de R$ 1,2 milhão. Já o Vasco, que embolsou R$ 600 mil, segue sem o troféu da Copa do Brasil em sua galeria.
Pela primeira vez na história da competição, que começou a ser disputada em 1989, dois times do mesmo Estado foram à decisão. E pela primeira vez na história, Flamengo e Vasco disputaram um título nacional.
O Rubro-Negro não perde uma final para o Vasco desde o Campeonato Carioca de 1988. De lá para cá, foram cinco decisões e cinco títulos flamenguistas: estaduais de 1999, 2000, 2001 e 2004 e Copa do Brasil 2006.
A conquista já estava entalada na garganta do flamenguista, que viu o time chegar à três decisões da Copa do Brasil nos últimos quatro anos – perdeu para o Cruzeiro em 2003 e para o Santo André em 2004. Essa foi a sexta vez na história que o vencedor da primeira partida ficou com o troféu.
A conquista da Copa do Brasil pelo Flamengo recolocou o Rio de Janeiro na principal competição sul-americana após cinco anos.
Nas últimas quatro edições da Copa Libertadores, o Estado não teve sequer um representante.
A última vez que um carioca disputou a competição foi em 2002, com o próprio Flamengo, que havia conquistado a Copa dos Campeões no ano anterior. A participação do Rubro-Negro, no entanto, foi sofrível.
O time da Gávea ficou em último lugar no grupo que contava ainda com Olímpia (Paraguai), Universidad Católica (Chile) e Once Caldas (Colômbia). O Flamengo registrou apenas uma vitória, um empate e quatro derrotas.
Depois de quebrar um jejum de 13 anos sem um título nacional, o Rubro-Negro já volta as atenções para outro tabu: conquistar o título sul-americano após 26 anos, repetindo o feito de 1981.
“A gente soube passar pelos momentos difíceis no Brasileirão. Agora temos de comemorar e já pensar na Libertadores do ano que vem”, declarou o técnico Ney Franco, ainda no gramado do Maracanã.
O jogo
O técnico Renato Gaúcho optou por mudar o ataque, trocando Valdiram por Valdir Papel. A estratégia do treinador vascaíno, no entanto, foi para os ares aos 15 minutos do primeiro tempo, quando o atacante foi expulso. Pouco depois, saiu o gol de Juan, praticamente sacramentando o título flamenguista.
Além de Papel, outra diferença em relação ao time do primeiro jogo foi a entrada do volante Ygor, que cumpriu suspensão na partida anterior, no lugar de Yves. No Flamengo, Ney Franco apenas colocou o zagueiro Rodrigo Arroz na vaga do suspenso Ronaldo Angelim.
O jogo começou com o Flamengo mais solto. Logo com 30 segundos, Luizão abriu bem na direita para Leonardo Moura, que deixou Renato Augusto livre para marcar. O meia, no entanto, bateu fraco e facilitou o trabalho de Cássio.
Nervoso, os vascaínos não conseguiam trocar passes nos primeiros minutos da partida. Já os flamenguistas desciam com velocidade, utilizando Luizão como pivô, mas não encontravam facilidade para finalizar a gol.
A aposta do Vasco era na individualidade de Ramón, Morais e Edílson. Mas a situação se complicou aos 15 minutos, quando Valdir Papel, que já tinha cartão amarelo, fez falta por trás em Leonardo Moura e foi expulso. Revoltado, o técnico Renato Gaúcho empurrou o jogador assim que ele deixou o campo.
Mesmo assim, quem chegou perto do gol foi o Vasco. Aos 17 minutos, Morais pegou um rebote de escanteio e emendou de primeira, mas Diego fez uma excelente defesa. Na seqüência, o técnico Ney Franco adiantou seu time colocando Obina no lugar de Toró, que já havia recebido o cartão amarelo.
AP Jean comemora o gol que desmontou a equipe do Vasco e alegrou a torcida |
Aos 24, Obina quase abriu o placar. Renato puxou contra-ataque em velocidade e deixou o atacante em ótimas condições, mas o zagueiro Fábio Braz travou o chute. No rebote, Obina mandou para fora.
Três minutos depois, explosão na arquibancada. Leonardo Moura arriscou da entrada da área, a bola bateu na zaga e sobrou para Juan encher o pé e abrir o placar para o Flamengo. O gol fez com que Renato Gaúcho colocasse o time mais à frente, tirando Ramón e colocando Valdiram.
Sem se acomodar com a vantagem, o Flamengo seguiu com uma postura ofensiva sendo empurrado pela eufórica torcida rubro-negra. O time de Ney Franco quase ampliou o placar aos 40 minutos, com Obina chutando forte de fora da área. Cássio espalmou e o primeiro tempo terminou em 1 a 0.
A segunda etapa começou com o Flamengo tocando a bola e buscando faltas, enquanto o Vasco tentava o ataque de qualquer maneira. Aos 10 minutos, Obina disparou pela esquerda e, ao tentar o cruzamento, acabou mandando direto para o gol, assustando o goleiro Cássio.
Aos 15, Jônatas pedalou na frente de Ygor, ganhou a divida com Jorge Luiz e saiu na cara do gol, mas o goleiro vascaíno acabou evitando o golaço do volante flamenguista. Seis minutos depois, Luizão recebeu de Obina e tocou rasteiro no canto, mas a bola bateu na trave.
A partir de então, o Flamengo diminuiu o ritmo e assistiu ao desespero vascaíno, que buscava ao menos empatar a partida, principalmente com as investidas de Wangner Diniz e Edílson. Nas arquibancadas, a torcida flamenguista festejava a plenos pulmões, só aguardando o apito final.
A festa
Reuters O capitão Jonatas ergue o troféu de campeão da Copa do Brasil |
Márcio Braga:
Fonte: Último Segundo
Mesmo com a felicidade de conquistar um título da expressão da Copa do Brasil, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, não perdeu a oportunidade de cutucar o Vasco, eterno rival rubro-negro.
Ainda no campo do Maracanã, o dirigente mandou um recado para a torcida vascaína. “Recebi duas faixas hoje: a de bicampeão da Copa do Brasil e a de vice de novo do Vasco”, comentou, antes de emendar: “A que vale mais, é a de vice do Vasco”.
Essa foi a quinta final seguida que o Flamengo levou a melhor sobre o Vasco. Antes, já havia conquistado os títulos estaduais de 1999, 2000, 2001 e 2004.
Braga também afirmou que o pensamento do clube é em busca de outro bicampeonato, o da Copa Libertadores. “Agora vamos nos organizar e iniciar o planejamento do ano que vem imediatamente. Já chegamos até aqui, agora vamos avançar”, declarou.
Luizão: Aos 30 anos de idade, Luizão é um dos jogadores em atividade que mais conquistou títulos de expressão.
Ao todo, eram 11 até esta quarta-feira. Faltava a Copa do Brasil, que veio após a vitória do Flamengo sobre seu ex-time Vasco.
Luizão marcou três gols na competição, o último no jogo de ida da final. No jogo desta quarta, o centroavante quase deixou o seu ao receber passe de Obina e tocar rasteiros no canto da trave.
“Eu sou uma pessoa muito iluminada. Conquistei títulos por onde passei e faltava esse com o Flamengo”, comemorou o atacante, que faturou seu primeiro título pelo Rubro-Negro, clube que passou a defender esse ano.
Juan: Revelado nas categorias de base do São Paulo, Juan teve uma passagem pelas equipes inferiores do Arsenal, da Inglaterra, antes de desembarcar no Rio de Janeiro para defender o Fluminense no Campeonato Brasileiro de 2004.
Após boas apresentações nas Laranjeiras, sobretudo no Brasileirão-2005, o lateral-esquerdo foi contratado para reforçar o Flamengo nesta temporada. Mas talvez nem o próprio jogador imaginava que, com sete meses na Gávea, marcaria o último gol da vitoriosa campanha do Rubro-Negro na Copa do Brasil.
“É sempre importante marcar gols, ainda mais em uma final e contra o Vasco da Gama”, comemorou Juan, que já havia deixado a sua marca na goleada por 5 a 1 sobre o Guarani, na partida de ida das oitavas-de-final.
Juan completou 24 anos de idade em fevereiro e tem contrato com o Flamengo até o final de 2008. “Um clube como o Flamengo tem que estar disputando títulos sempre, porque essa torcida maravilhosa merece”.
Ney Franco: Pela terceira vez consecutiva, o título da Copa do Brasil fica nas mãos de um técnico em busca de afirmação no cenário nacional. Desde que Carlos Alberto Parreira comandou o Corinthians no título de 2002, apenas novatos conseguiram faturar o segundo troféu mais importante do país.
Em 2004, quando o Santo André bateu o Flamengo, quem estava no banco era Péricles Chamusca. No ano seguinte, Vagner Mancini conduziu o Paulista de Jundiaí à taça na decisão contra o Fluminense.
Desta vez, o campeonato ficou nas mãos de Ney Franco. O treinador chegou ao Flamengo pelo bom trabalho apresentado no Ipatinga, que surpreendeu ao desbancar o Cruzeiro e conquistar o título mineiro dom ano passado.
Neste ano, Ney Franco foi vice-campeão estadual com o mesmo Ipatinga e despertou o interesse do Rubro-Negro, que o escolheu para substituir o demitido Waldemar Lemos.
O treinador se considera um estrategista. Para ele, 80% do trabalho de um técnico se baseia na tática. E foi na tática que Ney conseguiu a vitória por 2 a 0 sobre o Vasco, no primeiro jogo, quebrando uma seqüência de quatro partidas sem vitória flamenguista sobre o rival.
Na ocasião, surpreendeu o técnico vascaíno, Renato Gaúcho, ao escalar o time no esquema 3-6-1, trocando de última hora o atacante Ramirez pelo zagueiro Fernando. “Ele é diferenciado e estará conosco por muito tempo”, afirmou Kleber Leite, vice-presidente de futebol do Flamengo.
Toró, que foi substituído ainda no primeiro tempo do jogo decisivo, também elogia o comandante. “Sou muito grato por tudo o que ele fez por mim. Eu estava chegando forte, com muita disposição, e poderia ser expulso (já tinha cartão amarelo). Foi uma boa escolha (a substituição)”, comentou.
FICHA TÉCNICA – VASCO 0 X 1 FLAMENGO
Local: Maracanã, Rio de Janeiro(RJ)
Público/Renda: 45.459 pagantes/R$ 1.291.695,00
Data: 26/06/2006 – 21h45min
Árbitro: Carlos Eugênio Simon/RS. Auxiliares: Ednilson Corona/SP e Aristeu Leonardo Tavares/RJ
Cartões amarelos: Valdir Papel, Wágner Diniz, Morais, ABedi(VAS), Toró, Luizão, Renato Augusto, Fernando(FLA). Cartões vermelhos: Valdir Papel(VAS)
Gol: Juan – 27’/1ºT(FLA)
VASCO: Cássio, Wagner Diniz, Fábio Braz, Jorge Luiz e Diego; Ygor, Andrade(Abedi – 8’/2ºT), Ramon(Valdiram – 32’/1ºT) e Morais(Ernane – 12/2ºT); Edilson e Valdir Papel – Técnico: Renato Gaúcho
FLAMENGO: Diego, Rodrigo Arroz, Fernando e Renato Silva; Leonardo Moura, Jônatas, Toró(Obina – 19’/2ºT), Renato, Renato Augusto(Peralta – 31’/2ºT) e Juan; Luizão(Léo – 41’/2ºT) – Técnico: Ney Franco.