A angústia da família Esiquiel acabou de forma cruel. Desaparecido desde sábado, o corpo do estudante Erick Jhonathan Esiquiel, 20 anos, morador de Ribeirão Pires, foi encontrado quarta-feira por volta das 19h, na pedreira onde ocorreu a festa rave Tribe, em Pirapora do Bom Jesus.
Segundo a tia do garoto, Dulcelene Neves Cantalice, 37 anos, a polícia disse à família que é provável que o corpo de Eric tenha sido “desovado” quarta-feira. “Ele foi encontrado em um local visível. Era impossível que ninguém, em quatro dias de buscas intensas, tenha visto antes. O corpo está cheio de fraturas expostas.” A causa da morte ainda é desconhecida.
O último contato de Erick com a família foi no sábado, quando ele saiu de casa de carona com o pai Almir Dias Esiquiel, 42 anos, por volta das 8h para fazer uma prova na Faculdade de Direito São Bernardo, onde cursa o terceiro ano. Disse aos pais que, em seguida, iria para um congresso. Mentiu. Assim que terminou a avaliação, Erick pegou um ônibus e foi até a casa do amigo Marcos Eduardo Mardegan, 20, em Mauá. De lá, eles seguiram com outras 12 pessoas, em uma van alugada, para a Tribe, em Pirapora do Bom Jesus. Às 13h10, o garoto ligou para o pai, já a caminho de Pirapora, e avisou que estava bem.
“Fazia dois dias que eu tinha descoberto que o Erick mentiu aos pais para poder ir à rave. Orientei ele a dizer a verdade, mas Erick disse que se falasse, eles não o deixariam ir”, contou Marcos. Segundo ele, a van chegou na festa por volta das 16h e o grupo procurou se manter unido. “Quando era umas 23h30, ele avisou que ia dançar no meio da pista, onde tinha mais gente.” Foi assim que Erick se despediu dos amigos.
O grupo combinou que caso alguém se perdesse, o ponto de encontro seria na van às 3h45. “Procuramos o Eric da 1h da manhã até as 5h. O celular só dava caixa postal. Como não achamos, viemos embora”, reforçou Marcos. Segundo ele, o amigo estava aparentemente normal, havia consumido pouca bebida alcoólica e não utilizou drogas.
A família só soube do paradeiro de Erick quando o pai de Marcos, o professor Roberto José Mardegan, 55, ligou para eles, no domingo, perguntando se o garoto havia aparecido. “Contei que o Eric tinha ido à festa junto com meu filho, mas não sabia que ele havia mentido.”
O enterro será nesta quinta-feira no Cemitério Vale dos Pinherais, em Mauá.
Festa – Funcionária do grupo “No Limits” responsável pela realização da Tribe, Susi Wolf, afirmou que Eric não foi atendido pelo ambulatório e os seguranças não foram acionados para oferecer nenhum tipo de auxílio.
Família o proibia de freqüentar festas raves
Erick Jhonathan Esiquiel era o filho mais velho da professora Maria Eunice Esiquiel, 39, e do soldador aposentado Almir Dias Esiquiel, 42. As outras duas filhas são Kimberly Francine, 15, e Emilly Hillary, 6.
Evangélica, a família reside no Parque Aliança, em Ribeirão Pires. Segundo os pais, Erick sempre estudou nas melhores escolas de Mauá, era dedicado e responsável, mas depois dos 18 anos passou a querer sair à noite e enchê-los de preocupação. “Ele era um garoto pacato, mas mudou depois que entrou na faculdade. Nós tínhamos algumas brigas. Ele se distanciou da igreja e começou a tomar cerveja”, afirma a mãe.
Há um mês, Erick havia conseguido um estágio no departamento jurídido da Basf, em São Paulo. Segundo o pai, ele estava feliz com a conquista, já que o processo de seleção foi rigoroso e pretendia, em breve, comprar um carro. “Cursar direito foi uma sugestão minha e ele estava satisfeito. Nós conversávamos muito, éramos amigos. De vez em quando, eu ia para a faculdade com ele assistir algumas aulas.”
Apesar do bom diálogo, o pai lembra que não apoiaria que o filho fosse em uma rave, por isso ele optou por mentir. “Não deixaria de jeito nenhum, em raves rola muita droga.”
A irmã Kimberly lembra que esta não foi a primeira vez que Erick mentiu aos pais. No seu aniversário de 19 anos, o jovem teria saído para comemorar com os amigos sem avisar a família e aparecido no dia seguinte, por volta das 15h.
Fonte: Setecidades- Diário do Grande ABC