INDONÉSIA – Extremistas muçulmanos e autoridades do governo locais ameaçaram demolir uma igreja em construção no norte de Sumatra, embora os líderes da igreja estivessem atendendo a todas as exigências da lei indonésia.
Incentivados pela repugnância das próprias autoridades locais em conceder a licença de construção da Igreja Protestante Batak (Huria Kristen Batak Protestan ou HKBP), cerca de 100 extremistas muçulmanos acompanhados por funcionários do governo tentaram destruir o edifício em construção no dia 29 de abril, na aldeia de Jati Makmur.
Monang Silaban, pastor da HKBP, disse que cerca de 100 integrantes da Frente Islâmica Pembela (FPI, sigla em inglês) armados com “facas afiadas”, chegaram por volta das 16h30, acompanhados por funcionários municipais de Binjai que trouxeram uma escavadora.
Membros da igreja se juntaram para defender o edifício, mulheres choravam ansiosamente e pediam “por favor Deus nos proteja”.
Os extremistas foram dispersados pelos fortes ventos que trouxeram chuva ao local. Forças de segurança e policiais de Binjai chegaram a tempo e contornaram a situação.
Exigências absurdas
Funcionários de Binjai não estavam dispostos a conceder a licença ao HKBP, embora a construção obedecesse aos recentes regulamentos do governo que exigem um pedido por escrito de 90 membros adultos e o consentimento, também por escrito, de 60 vizinhos que não sejam da mesma religião.
O pastor Silaban disse que a igreja havia provido a informação exigida sobre os 90 membros igreja e conseguido 69 assinaturas de residentes de área que deram consentimento para a construção da igreja.
Um decreto ministerial emitido em 1969 e revisado em 2006 exige uma licença oficial para a abertura de qualquer lugar de adoração na Indonésia, seja muçulmano ou cristão.
As exigências impedem que muitas igrejas cristãs pequenas consigam se formar. A Igreja Protestante Batak é um das poucas igrejas indonésias realmente capazes de obedecer a tais exigências.
Igreja está cansada
A polícia se reuniu com os membros da igreja e líderes do grupo extremista muçulmano e conseguiu um acordo. A construção do edifício seria interrompida até que a licença fosse aprovada. No entanto, a licença não foi concedida em dois anos, apesar das exigências terem sido prontamente atendidas.
“Estamos cansados de tentar obter a licença, porque sempre falha”, disse G.T. Siregar, do comitê de construção da igreja. “O governo local na verdade tem que nos conceder a licença, porque nós fizemos exatamente o exigido no novo decreto.”
Um funcionário de Binjai, conhecido sob o nome exclusivo de Wahyudi, explicou que a construção teve que ser interrompida porque não estava conforme as regras do decreto revisado. Os cristãos locais contestam essa informação.
Fonte: Portas Abertas