Casais que procuram clínicas especializadas em fertilização, por dificuldades em conceber naturalmente um bebê, geralmente deixam embriões que não foram utilizados, congelados. Esse “armazenamento” pode ser indefinido, ou se os pais preferirem, descartados, doados para pesquisas ou para outro casal. Nos Estados Unidos, país pioneiro nesse tipo de procedimento, calcula-se que existam em torno de 500 mil embriões congelados.
Agências especializadas em adoção de embriões é um serviço comum naquele país. Porém, uma história de superação incentivou a criação de uma agência de adoção de embriões cristã.
Maria e Jeff Lancaster são um casal que enfrentaram inúmeras dificuldades nas tentativas de ter um filho, mas aos 46 anos, a esperança do casal era pouca. “Os médicos já haviam desistido de mim”, contou Maria à BBC Brasil. Agora, 9 anos depois, eles são pais de Elisha, que tem 8 anos de idade. Após o marido de Maria, Jeff Lancaster ouvir em um programa de rádio que era possível adotar embriões, a história começou a mudar. “Nunca havíamos ouvido falar disso. Resolvemos tentar, adotamos um embrião, e hoje eu tenho uma filha linda”, conta orgulhosa.
Há três anos, o casal sugeriu a um amigo, Pastor da Igreja Cedar Park Assembly of God (Assembleia de Deus do Parque Cedar), que criasse uma agência de adoção de embriões congelados, para que pessoas com interesses em comum pudessem, juntos, alcançarem o sonho da paternidade. A sugestão foi aceita, e surgiu então, o Serviço de Adoção de Embriões do Parque Cedar, com o lema “a primeira agência de adoção de embriões baseada em uma igreja”.
A polêmica, porém, surge nas críticas de quem se opõe à ideia, por acharem que o fato de serem agências de adoção, e não de doação, faz com que um embrião seja tratado como pessoa, o que pode ter implicações legais perante a Justiça.
Alheios aos debates, a agência que Maria Lancaster ajudou a fundar já ajudou trazer à luz oito bebês, além de muitos outros que estão em gestação e 25 famílias inscritas e regularizando a documentação para adotar os embriões. Maria conta que em diversos estados americanos, os embriões são tratados como propriedade pela Justiça, não como pessoas, porém, para a agência, “a vida começa na concepção. Ao cuidarmos da papelada, é uma transferência de propriedade, mas nós os tratamos socialmente como se fossem crianças nascidas”, ressalta Maria.
Exemplo do conceito da agência que Maria idealizou, são as exigências para que um casal adote um embrião: o casal deve ser casado há pelo menos três anos, deve apresentar cartas de recomendação escritas por familiares e amigos, e duas taxas de inscrição (uma de 250 dólares e outra de 3,5 mil dólares). Após o casal cumprir esses pré-requisitos, o Serviço de Adoção de Embriões do Parque Cedar contrata um agente do serviço social, que faz um estudo da capacidade do casal em criar uma criança, além de consultar o FBI e antigos vizinhos, afim de saber se o casal esteve envolvido com abusos de crianças.
Essa pesquisa tem também a intenção de minimizar os riscos de a família adotiva oferecer uma criação com falhas. Com todas essas verificações, o processo leva de dois a seis meses. “As famílias que doam os embriões para adoção têm a oportunidade de conhecer essas crianças quando nascerem. E seus filhos têm a oportunidade de conviver com essas crianças, que são seus irmãos. Uma doação anônima de embriões não permite isso”, conta Maria Lancaster.
Mas a discussão não fica apenas na esfera legal. Diversos líderes católicos se manifestaram contrários ao procedimento, e questionaram se seria ético implantar o embrião concebido artificialmente de um casal, em uma outra mulher.
No Brasil, o tema de fertilização artificial está em destaque, devido a personagens da novela Fina Estampa, da TV Globo. Na trama, uma mulher que não conseguiu engravidar procura uma médica especializada nesse procedimento, e sua decisão desencadeia uma crise em seu casamento, por seu marido não ser favorável à gravidez.
Fonte: Gospel+
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