A igreja Assembléia de Deus esteve em festa no domingo. É que ontem o pastor José Anunciação dos Santos, comemorou seu 76º aniversário. Para comemorar a data, a igreja promoveu um culto em Ação de Graças. O evento foi realizado na sede do templo que fica na Rua Araruna, nº 88 (próximo ao Expresso Nordeste).
Considerado o pastor mais antigo de Campo Mourão, Santos comentou em entrevista exclusiva para a reportagem da TRIBUNA, sobre como é o crente hoje. Segundo ele, o crente de hoje mudou em relação ao passado no sentido material e costumes, porém na parte espiritual continua o mesmo. “A parte do espiritual não mudou nem pode mudar, pois, a Bíblia diz que Deus é o mesmo ontem, hoje e eterno”, explica.
Santos, que preside o ministério há 41 anos somente em Campo Mourão, comenta que a principal dificuldade que o crente tem em servir a Deus é ter fé. “Creio que esta seja a dificuldade mais comum para o crente, ter a fé”, frisa. Há mais de meio século na ‘vida evangélica’, ele revelou para a reportagem que antes de seguir este caminho já tentou seguir vários outros, porém não encontrou o que estava procurando. “Até do espiritismo eu já participei, mas lá não consegui encontrar o que procurava, fiquei um tempo afastado de Deus, na igreja Católica não via consistência em nada. Então Deus permitiu que eu conhecesse o novo testamento e a partir daí ele trabalhou na minha vida para me converter, sou muito feliz por isso”, comemora.
Questionado sobre que visão tem da política brasileira, Santos preferiu não comentar o assunto.
O Jornal Tribuna realizou uma entrevista com o pastor, confira abaixo:
O senhor é o pastor mais antigo de Campo Mourão? Quando iniciou sua missão na vida religiosa?
Sim. Eu cheguei aqui em Campo Mourão em junho de 1966, de lá para cá sou pastor até o momento. Comecei a seguir a missão na vida religiosa em 1954, ainda era bastante jovem quando aceitei Jesus. Nesta data tornei-me crente e desta época para cá estou trabalhando apascentando ovelhas.
O senhor é de Campo Mourão? De que cidade é?
Não. Antes de vir para Campo Mourão eu residia em Venceslau Brás, uma cidade que fica no norte pioneiro do Paraná.
O senhor teve outra religião ou já nasceu na doutrina evangélica? E porque mudou de religião?
Sim, eu já fui por um tempo na igreja Católica. No sentido religioso, fiquei perdido e distanciado de Deus por muitos anos. Eu não encontrava consistência na igreja Católica, naquele tempo, a igreja adorava muito as imagens. Até no espiritismo eu fui para ver se achava ali alguma coisa que preenchesse o vazio que havia em mim, no entanto, não consegui achar nada até que Deus me tirou de lá. Naquela época eu não gostava de evangélicos, queria me distanciar dos crentes, então minha situação ficou ainda pior. Mas Deus que conhece todas as coisas ajudou que viesse parar em minhas mãos o novo testamento e por esse novo testamento, lendo ele, fui me edificando de um lado e me derrubando de um outro. Ganhando do lado espiritual e perdendo do lado dos costumes ‘mundanos’. Deus me converteu em casa, lendo a Bíblia.
Quando a Assembléia de Deus surgiu em Campo Mourão?
O nosso Estatuto é datado de 1957, porém a Assembléia de Deus existe no município desde 1943.
Que tipos de eventos a igreja realiza durante todo o ano?
Nós temos diversos tipos de eventos. Os infantis, que fazem parte de um trabalho dedicado para as crianças. Sempre trazemos pessoas de fora para trabalhar com as nossas crianças, é um trabalho muito bom. Temos trabalhos para jovens, para senhoras, para a igreja no seu total e temos também trabalhos para homens.
Quantos seguidores a Assembléia possui em Campo Mourão?
Em Campo Mourão eu creio que em torno de 2 mil membros. Quando falo em membros são apenas aquelas pessoas que têm ‘compromisso’ com a igreja. No entanto, temos aqueles que são ‘simpatizantes’ que chamamos de congregados, há um número bastante elevado das pessoas que nos visitam.
Como o senhor vê o ecumenismo? O senhor acredita que é possível?
Olha, o ecumenismo é um trabalho que eu acho difícil funcionar. É complicado para dar certo porque geralmente aquelas pessoas que mais desejam o ecumenismo, que dizem que querem união, elas na verdade não querem exatamente a união e sim unhão, isso porque o trabalho segue em volta de um pensamento de que haja um só rebanho e um só pastor, mas esse pastor deve ser Jesus Cristo. No entanto, o que está acontecendo é que tem sempre alguém querendo ser o pastor geral aqui na terra, aí não dá certo, não funciona mesmo. No entanto, não posso dizer que o ecumenismo não é possível, pelo contrário, acredito que é possível sim, porém, não de uma maneira geral.
Qual a maior experiência que o senhor já teve com Deus?
Olha, o que posso dizer é que eu já tive várias experiências com Deus. Eu não sei qual delas é a maior. Eu tenho a experiência de Deus na minha vida, de como Ele fez para fazer de mim um crente. Eu acho que esta é uma experiência que ninguém entende porque Ele (Deus) tem uma maneira diferente de trabalhar e agir na vida de cada homem. Comigo, Ele trabalhou de uma maneira e em todas as vidas que Deus trabalhar como trabalhou na minha vida, esta pessoa não tem como fugir de Deus, não tem como fugir de chegar aos seus pés. O amor que Ele dedicou a mim, como Ele me revelou este amor e me fez conhecer o amor do pai, me revelou o amor do pai também, o amor do filho, essa é uma experiência inigualável. Uma outra experiência muito importante que tive, foi a do batismo com o Espírito Santo que aconteceu três anos depois que aceitei Jesus e me tornei um crente. O batismo com o Espírito Santos é um revestimento que vem do alto e que só Jesus faz. O sinal de quem foi batizado com Espírito Santo é o de falar línguas desconhecidas e isso aconteceu comigo no dia 22 de setembro de 1957. Eu estava orando quando Jesus me batizou com o Espírito Santo. Esta, sem dúvida, foi a maior experiência que já tive com Deus e de lá pra cá Deus tem me feito conhecê-lo mais a cada dia que passa. Estou muito satisfeito em servi-lo, estou feliz.
O senhor acredita em milagres? Deus já operou algum milagre em sua vida?
Sim. Da mesma forma que creio em Jesus, creio também em seus milagres. Em minha vida mesmo, Deus já operou muitos milagres. Um dos primeiros foi com meu filho, o Elizeu, que hoje mora em Curitiba. Quando era criança, ele já foi desenganado por três médicos em um mesmo dia. Teve um que falou que ele não viveria nem mais um dia. Meu filho não conseguia nem se mexer, não conseguia fechar a boca, o medicamento que ele tomava nem fazia mais efeito, o organismo não aceitava mais. Eu peguei meu filho que estava desenganado pelos médicos e fui para casa. Cheguei em casa, o levei para o quarto, coloquei ele sobre a cama, me ajoelhei e orei a Deus, entreguei ele nas mãos do pai lá do céu. Meu filho está vivo até hoje, ele está com mais de 50 anos e está saudável. Este foi um dos vários milagres que Deus operou em minha vida.
Como o senhor vê o surgimento de novas igrejas evangélicas?
Por um lado eu vejo com bons olhos o surgimento de novas igrejas. Por outro, tenho minhas dúvidas, depende do alicerce em que ela vai se fundamentar. Se o alicerce de uma igreja estiver baseado em dinheiro, por exemplo, que é o que vemos muito hoje, ela vai cair, pois, estará fadada ao fracasso. Seja qual for, não vai resistir. O alicerce que tem valor de verdade e o único alicerce que sustenta uma igreja é Jesus Cristo, a ‘rocha dos séculos’. Se o pensamento maior for em Jesus,
esta igreja nunca vai cair porque seu alicerce será forte como a rocha.
Qual a sua opinião sobre os escândalos envolvendo algumas igrejas evangélicas como foi o caso da Renascer?
Toda vida houve escândalos e continuará havendo. Eu considero o escândalo como uma tempestade. Quando há uma tempestade, por exemplo, os telhados mal construídos quebram e vão embora junto com a tempestade, só ficam os que foram bem fixados. Assim é escândalo na igreja. É necessário que haja escândalos, porque ele é como se fosse um ‘vendaval espiritual’, a pessoa firmada em Cristo, o escândalo passa e ela fica, já a que só engana, com o escândalo ela cai.
Como era ser crente antes e como é hoje? Mudou alguma coisa?
Ser crente hoje é diferente de antigamente. Por um certo lado mudou porque o mundo está evoluindo e os crentes também estão. Mudou em partes, ou seja, no que se refere ao aspecto humano e material. No aspecto espiritual não mudou nada, pois está escrito que Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Como o senhor define a fé?
A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e prova das que não se vêem, por ela os antigos alcançaram testemunhos e agradaram a Deus. A fé é uma coisa que não tem como se mostrar ela é interna, invisível é algo que eu não vejo, mas acredito sem ver.
A doutrina das igrejas precisa se adequar aos novos tempos?
Não. A doutrina da igreja é a doutrina bíblica e a Bíblia é imutável. O que pode mudar são os usos, os costumes e as coisas relacionadas ao visual das pessoas, mas doutrina no verdadeiro sentido bíblico não pode mudar nunca.
O senhor tem alguma mensagem para deixar aos leitores?
Sim. Nessa eminência do meu aniversário, eu gostaria de dizer a todos os leitores deste conceituado veículo, que procurem seguir o caminho de Deus da melhor maneira possível. Estamos vivendo momentos muito difíceis e não só o Brasil, mas o mundo precisa de Deus. Se todos reconhecerem isso o mudo mudará por certo. Desejo que Deus abençoe a todos.
Fonte: Tribuna