Em 2002, o então administrador do Riacho Fundo, cidade próxima a Brasília, autorizou o uso provisório de um terreno público por 90 dias. Os beneficiários da permissão foram os fiéis da Igreja Batista Gera Vida, que faziam seus cultos embaixo de uma tenda. Mas, para espanto da comunidade do local, os fiéis construíram um prédio para ser sede da igreja. Moradores denunciaram que o terreno foi cercado e que passou a atrapalhar a circulação na área.
A ação da Secretaria de Fiscalização do Distrito Federal foi rápida e pegou de surpresa fiéis e obreiros da igreja. A ação do governo foi realizada horas depois que o caso foi exibido no Bom Dia DF. “Tinha ido lá para orar, e tinha acabado de sair. Se a gente soubesse que iam demolir, tínhamos ficado na igreja”, disse a obreira Hosana Machado de Souza.
O ex-deputado federal Wasny de Roure (PT-DF), ligado aos movimentos evangélicos, esteve no local e condenou a decisão do governo de derrubar a igreja. “São atitudes muito mais para causar um impacto junto à mídia do que para um processo de saneamento e regularização. Porque a cidade continua com diversas irregularidades. O problema é que a irregularidade é pensada de acordo com o interesse político”, critica o ex-deputado.
Indignação
O pastor da igreja, David Alves de Castro, defendeu-se dizendo que há mais de 500 igrejas em Brasília na mesma situação. Ele procurou acalmar os fiéis, mas também não conteve sua indignação. Depois de afirmar que a derrubada da igreja que ele lidera tinha sido a pior atitude do governador Arruda desde a eleição, ele prometeu reagir.
“A igreja não vai parar. A igreja continuará. E agora, governador, você mexeu com um povo que crê num Deus vivo. Agora que esse povo vai orar e vai colocar o seu governo nas mãos dele”, afirmou o pastor em tom profético.
A Secretaria de Fiscalização confirma que existem várias outras edificações na mesma situação no Distrito Federal. No entanto, não há previsão de novas demolições por causa do acúmulo de processos gerado durante a transição de governo. A prioridade agora seria evitar o surgimento de novas invasões de área pública.
Fonte: G1