O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Dimas Lara Barbosa, advertiu ontem, referindo-se às invasões de fazendas no Pontal do Paranapanema (SP), que a doutrina social da Igreja reconhece a propriedade privada como um direito natural. Na terça-feira, o bispo de Presidente Prudente, d. José Maria Libório Saracho, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em São Paulo, disse que vai incentivar sem-terra a invadirem fazendas no Pontal. “O único jeito de chamar a atenção do governo para a reforma agrária é invadir.”
“O bispo de Presidente Prudente me informou que, ao apoiar as invasões, fala em nome de sua diocese, tentando resolver conflitos antigos pela posse de terras devolutas às quais o povo tem direito”, acrescentou d. Dimas.
Ele lembrou declaração de 1997 do Pontifício Conselho de Justiça e Paz que defende a reforma agrária como solução para regiões “onde subsistem condições iníquas de pobreza” e adverte para os riscos da ocupação de terras. “Manifestação, muitas vezes, de situações intoleráveis e deploráveis no plano moral, a ocupação das terras é um sinal alarmante que exige a atuação, em nível social e político, de soluções eficazes”, afirma o documento.
De acordo com o Pontifício Conselho de Justiça e Paz, um dos principais organismos do Vaticano, “mesmo quando provocada por situações de extrema necessidade (a ocupação de terras) continua a ser um ato não conforme aos valores e às regras de uma convivência verdadeiramente civil”.
D. Dimas disse que a CNBB não vai intervir no caso do Pontal, pelo menos por enquanto. D. José Maria, acrescentou, pode falar em nome de sua diocese.
Fonte: Estadão.com