La Paz – O Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai) está acompanhando de perto a tensa situação na Bolívia. A regional do organismo ecumênico continental para aquele país elaborou projeto de emergência para ser trabalhado nas igrejas – evangélicas e católicas romanas – sobre o diálogo pela paz entre o governo e a oposição.
No domingo, 14 de setembro, o governo de Evo Morales e o prefeito de Tarija, Mario Cossío, em representação dos opositores, reuniram-se no palácio do governo, em La Paz. Paralelamente, os dirigentes cívicos das regiões em conflito anunciaram sua predisposição a suspender os bloqueios das estradas como demonstração de abertura ao diálogo.
A crise política na Bolívia eclodiu há 21 dias, quando os habitantes da região petroleira do Chaco iniciaram um bloqueio de rodovias exigindo a devolução dos rendimentos dos hidrocarbonos. Uma semana depois de iniciado o conflito no Chaco, as medidas se estenderam às cinco regiões opositoras ao presidente. Além das rodovias, ocorreu a tomada violenta das instituições estatais nessas regiões e o confronto entre autonomistas e oficialistas.
As regiões opositoras de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca exigem do governo, além da devolução dos impostos arrecadados pela venda de do petróleo, o aprofundamento do processo de autonomia. Essas regiões são contrárias à medida do presidente de impulsionar um projeto de Constituição na qual se estabeleçam outros modelos de autonomia.
As igrejas do Clai na Bolívia foram as únicas a organizar um grupo ecumênico de observação no referendo realizado no último dia 10 de agosto. “Fomos testemunhas de que o referendo por si próprio não representou medida de solução à atual crise política boliviana, marcada pela crescente violência e dolarização entre o projeto da nova Constituição política de Evo Morales e o projeto de autonomia empreendido por seus opositores regionais de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca”, diz nota do Conselho continental.
O Clai-Bolívia incentivou suas igrejas membros no país a realizarem “visitas pastorais” com o intuito de promover aproximações entre o governo central e as regiões opositoras. Esse projeto trata de enriquecer e fortalecer os presidentes, bispos e líderes das igrejas com conhecimentos técnicos sobre mediação de conflitos, com o objetivo de preparar mediadores, facilitando a comunicação e o diálogo.
Fonte: ALC