As celebrações da Semana Santa começaram hoje nos santuários que lembram a Paixão de Cristo em Jerusalém, cidade que está repleta de visitantes, pois, além de ter realizado melhorias em sua estrutura de segurança, neste ano a Páscoa católica, a ortodoxa e a judia coincidem, o que atrai um público ainda maior.
Esta manhã foram realizados na Basílica de Santo Sepulcro uma missa pontifical e um serviço grego-ortodoxo, ambos com a cerimônia do lava-pés.
A cerimônia, na qual os patriarcas das igrejas lembram o gesto praticado por Jesus com seus apóstolos, é, segundo o arcebispo ortodoxo Aristachus, um incentivo à humildade e ao amor ao próximo, que podem ajudar a solucionar os problemas de hoje.
O patriarca latino Michel Sabbah, em sua mensagem de Páscoa, também lembrou a importância do “amor e do respeito ao outro” como chaves para resolver os problemas atuais.
Em uma referência política mais direta, o patriarca afirmou que o problema da região “em si é simples: dois povos fazem a guerra e um ocupa a casa do outro”.
A solução também não seria complicada: “que cada um ocupe sua própria casa. Os israelenses, a sua, os palestinos, a sua”, disse.
As disputas territoriais na terra santa entre as três religiões monoteístas e as várias igrejas cristãs afetam também os lugares sacros.
A própria basílica do Santo Sepulcro, na qual cada rito tem seu espaço, sofreu pequenas inundações recentemente devido a obras em uma capela da Igreja Ortodoxa Copta, que se negou a reparar os danos. Os representantes das igrejas ortodoxa, católica e armênica tiveram que recorrer à Prefeitura de Jerusalém.
Já nos tempos do Império Otomano, as disputas entre os cristãos pelo Santo Sepulcro eram tantas que se optou por entregar a chave da Basílica a uma família muçulmana, com a qual está até hoje.
Esta tarde, teve início uma procissão de franciscanos custódios dos lugares santos em direção ao Cenáculo, outro lugar disputado, pois está nas mãos do Estado de Israel, que o ocupou em 1948, e só é aberto aos católicos duas vezes ao ano, na Quinta-Feira Santa e no Pentecostes.
No andar inferior ao Cenáculo, encontra-se um cenotáfio (memorial fúnebre) conhecido como “o túmulo do rei David”.
No Cenáculo, o lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus celebrou a última ceia, não se pode celebrar missa. A cerimônia ocorrerá mais tarde, ao cair da noite, na Basílica da Agonia, junto ao Jardim do Getsêmani, onde Jesus orou e foi preso.
Na sexta-feira, grupos de distintas congregações farão peregrinação pela Via Dolorosa, parando em cada estação para rezar.
A Via é um conjunto de ruelas repletas de lojas de souvenirs e outros locais onde a vida continua, alheia às celebrações da Semana Santa.
No sábado à noite, os ortodoxos, a maior comunidade cristã da Terra Santa, celebrarão no Santo Sepulcro o “Sábado de Fogo”, uma cerimônia na qual os clérigos lembram a Ressurreição, acendendo uma lâmpada de óleo para depois distribuir o fogo aos fiéis.
Os católicos também farão sua celebração pela Ressurreição no Santo Sepulcro, mas na manhã seguinte, com uma missa pontifical e uma procissão.
O último ato pascal será realizado na segunda-feira na aldeia palestina de Al-Queibe, cerca de 11 quilômetros de Jerusalém, onde os frades franciscanos lembrarão a aparição de Cristo diante dos discípulos de Emaús.
Fonte: Último Segundo
Via: O Verbo