O ator e diretor Matthew Modine produziu recentemente o filme “Jesus was a commie” (Jesus era um comunista) e tem atraído severas críticas ao filme. O filme é um curta-metragem de 15 minutos que não foi lançado comercialmente, e apesar do título polêmico, sugere que os políticos atuais devessem aprender mais com Jesus.
O filme, que foi selecionado para participar em diversos festivais de cinema ao redor do mundo, propõe uma discussão sobre a pobreza, poluição e política no contexto do Novo Testamento. “Embora o título seja propositadamente provocativo, é importante às pessoas entenderem que o filme não é um ataque a Jesus ou à fé cristã e nem mesmo uma apologia ao comunismo. Trata-se de um filme com uma mensagem muito positiva, de responsabilidade e de esperança”, defende-se Modine.
O estardalhaço causado pelo anúncio do filme, aparentemente trouxe adeptos, apesar das críticas. Recentemente, o movimento “Ocupar Wall Street”, que mobilizou milhares de pessoas em Nova York, propôs a discussão sobre a relação entre ricos e pobres, e o movimento se espalhou por diversas importantes cidades do mundo.
O site do filme traz uma declaração sobre os ensinamentos de Jesus e a proposta do filme para o mundo atual: “Sua revolução implicava em uma mudança dramática na forma como as pessoas pensavam. O pensamento progressista e liberal de Jesus se espalhou por todo o Império dominante. Sem exército e sem armas, Ele levou as pessoas a uma nova direção e uma forma mais humana de pensar, com sua filosofia de amor e perdão. Estas são as ideias defendidas neste exato momento pelos protestos em Nova York e por milhares de norte-americanos em todos os Estados Unidos”.
Alguns veículos de notícias compararam o debate com a fase inicial da igreja cristã, que pregava a igualdade entre as pessoas e ajudou a desmanchar as hierarquias impostas pelo Império Romano, que ocupava Israel na época. Os sites cristãos que atacaram o filme e os protestos, afirmam que a revolução proposta no Ministério de Jesus não se tratava de acabar com a desigualdade social.
Na cerimônia de lançamento do filme, Matthew Modine afirmou que o movimento que protestava por mais igualdade social era um movimento autêntico e comparou as ideias do movimento com a história de Jesus: “O movimento “Ocupar Wall Street” não tem uma só voz, um líder. Essa é uma extraordinária demonstração de liberdade civil e de democracia. Mas acho que se houvesse um homem barbudo, de pés descalços falando sobre paz, liberdade, amor e virasse a mesa dos especuladores de Wall Street, ele seria crucificado pela mídia. O prefeito exigiria sua prisão! [Alguns meios de comunicação] iriam incitar o ódio contra ele e declará-lo uma ameaça para o capitalismo”.
De origem familiar religiosa, Modine explica suas preocupações e o motivo de seu filme-protesto: “Estou preocupado com os eventos que ocorrem em todo o mundo. A população chegou aos 7 bilhões. Existe muita fome no mundo. Há escassez de água potável. A poluição ameaça o meio-ambiente. Vemos os desastres dos resíduos nucleares. Mudanças climáticas em todo o mundo… Há tanta confusão, culpa e falta de responsabilidade no mundo de hoje. Muitas guerras e assassinatos usam como justificativa o nome de Deus. Não foi isso o que Jesus ensinou”.
Em um trailer exibido durante o lançamento, uma citação do Teológo e Bispo Católico brasileiro, Dom Helder Câmara reforça o argumento do filme: “Se eu dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Se eu pergunto por que os pobres não têm comida, eles me chamam de comunista”. Dom Helder Câmara, que faleceu em 1999, foi um árduo defensor dos direitos humanos durante o regime militar no Brasil, e era acusado por setores da Igreja Católica de se inspirar nos princípios do marxismo, movimento considerado pela própria igreja como anti-cristão.
Fonte: Gospel+