JERUSALÉM – Judeus ortodoxos queimaram centenas de cópias do Novo Testamento, na última ação violenta contra missionários cristãos na Terra Santa. Segundo o vice-prefeito de Or Yehuda, Uzi Aharon, missionários recentemente entraram na cidade de 34 mil habitantes, no centro de Israel, distribuindo centenas de Novos Testamentos e material missionário.
Após receber reclamações, Aharon entrou em um carro e, de um alto-falante, disse à população que entregasse o material para estudantes de religião judaica que o recolheriam de porta em porta. Os livros foram amontoados em uma pilha e incendiados perto de uma sinagoga, informou o vice-prefeito.
O jornal Israeli Maariv divulgou nesta terça-feira, 20, que centenas de estudantes de escolas religiosas judaicas participaram da queima. Mas Aharon disse que poucos estudantes estavam presentes, e que ele mesmo não estava no momento da destruição dos livros.
O vice-prefeito lamentou a destruição dos livros. Mas disse que a queima de material que pede aos judeus que se convertam é um “mandamento”. “Eu certamente não condeno a queima dos livros”, disse. “Eu condeno os que distribuíram os livros.”
Os judeus seguem o Antigo Testamento, que inclui os Cinco Livros de Moisés (Pentateuco) e os escritos de profetas antigos. Os cristãos acreditam tanto no Velho quanto no Novo Testamento, este último incluindo os quatro Evangelhos (vida de Jesus Cristo) hoje aceitos pelas igrejas, as cartas dos apóstolos às primeiras comunidades cristãs no Império Romano e o Livro do Apocalipse.
Calev Myers, um advogado que representa os judeus messiânicos, ou judeus que aceitam Jesus como o salvador, pediu em entrevista a uma rádio do Exército de Israel que todos os envolvidos sejam julgados. Segundo Myers, há aproximadamente 10 mil judeus messiânicos em Israel, também conhecidos como Judeus por Jesus.
A polícia ainda não havia comentado o caso. O fato de judeus queimarem livros é mal visto por muitos em Israel, por causa da associação com nazistas queimando pilhas de publicações judaicas durante o Holocausto, ou genocídio, na IIª Guerra Mundial (1939-45).
Neste ano, um jovem filho de um importante missionário cristão foi seriamente ferido em um atentado. Um pacote com uma bomba mandado pelo correio explodiu em suas mãos.
No ano passado, uma igreja de Jerusalém usada por judeus messiânicos foi incendiada. Suspeitou-se da participação de judeus extremistas no ataque. Ninguém assumiu responsabilidade pelo atentado, mas a mesma igreja foi queimada 25 anos atrás por judeus extremistas ultra-ortodoxos.
Fonte: Estadão