O líder da maior seita poligâmica dos Estados Unidos está sendo julgado porque teria forçado uma menina de 14 anos a se casar com seu primo mais velho.
Warren Jeffs, que lidera a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos do Último Dia (FLDS, sigla em inglês), enfrenta duas acusações de cumplicidade em estupro.
O líder religioso, que foi procurado pela polícia durante 15 meses antes de ser capturado, em agosto de 2006, nega as acusações.
O júri, na cidade de St. George, no Estado de Utah, terá de decidir se Jeffs, “de forma intencional, consciente e irresponsável”, encorajou a menina a ter relações sexuais contra sua vontade. Se for condenado, poderá pegar de cinco anos de detenção até a prisão perpétua.
O promotor do caso, Brock Belnap, disse aos jurados que a menina teria “se ajolhado e implorado” ao líder da seita para que adiasse o casamento, alegando que era muito jovem e que não queria se casar com o primo mais velho.
“E Warren Jeffs respondeu: 'O seu coração está no lugar errado. Esta é a sua missão e tarefa a cumprir'”, alega a promotoria.
Já a defesa questiona a extensão da influência do líder religioso sobre o rumo dos acontecimentos entre a menina e o marido depois do casamento.
“Será que ela realmente foi estuprada? Esta é a questão central”, interrogou a advogada de defesa, Tara Iaacson, aos jurados.
“O que Warren Jeffs tem a ver com o que aconteceu entre quatro paredes? Como ele sabe que ela foi forçada a ter relações sexuais?”, acrescentou a advogada, para quem a idade da menina não é um problema.
O líder da seita ficou foragido depois de ter sido acusado de má conduta sexual por supostamente arranjar casamentos entre meninas menores de idade e homens mais velhos.
Ele fazia parte da lista dos dez mais procurados pelo FBI quando foi preso, durante uma batida policial perto de Las Vegas.
Jeffs, que tem 70 mulheres, assumiu a liderança da FLDS nos estados do Arizona e Utah, depois que seu pai morreu, em 2002.
A seita surgiu de uma cisão, há mais de um século, da Igreja dos Mórmons, quando esta abandonou a prática da poligamia. A FLDS conta atualmente com cerca de 10 mil membros.
Os seguidores da seita acreditam que um homem deve ter pelo menos três mulheres para alcançar o paraíso. Já as mulheres são ensinadas a serem submissas ao marido.
A poligamia é ilegal nos Estados Unidos, mas as autoridades relutam em enfrentar a FLDS por medo de provocar uma tragédia similar à que aconteceu em 1993 na sede da seita Branch Davidian, em Waco, no Texas, quando 80 fiéis morreram em choques com a polícia.
Fonte: Globo Online