O líder de uma seita americana que prega a poligamia, Warren Jeffs, foi sentenciado a uma pena que pode variar de dez anos a prisão perpétua, após ter organizado o casamento de uma adolescente de 14 anos com um primo dela.
Jeffs, líder da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Últimos Dias (FLDS, na sigla em inglês), foi considerado culpado em setembro em duas acusações de cumplicidade em estupro, cada uma delas com sentença de cinco anos de detenção.
A Justiça do Estado de Utah determinou que essas duas sentenças devem ser cumpridas de forma consecutiva, mas o conselho responsável pela concessão de liberdade condicional a detentos do Estado é que vai determinar quanto tempo exatamente Jeffs deverá permanecer na prisão, podendo aumentar a sentença.
O condenado também enfrenta processo em que é acusado de ser cúmplice de crimes sexuais no Estado vizinho do Arizona, por organizar casamentos de menores com homens mais velhos.
Jeffs passou 15 meses em fuga antes de ser capturado em agosto de 2006.
A acusação que foi julgada nesta terça-feira em Utah afirma que em 2001 Jeffs teria dito à adolescente de 14 anos que se ela não se casasse com seu primo, de 19, e mantivesse relações sexuais com ele, ela iria para o inferno.
Ao sentenciar Jeffs, o juiz James Shumate afirmou que o líder da seita planejou o casamento entre os primos em todos os detalhes.
“A união proposta foi com seu primo de primeiro grau. De acordo com a lei, primos em primeiro grau naquela idade não podem se casar no Estado de Utah. Estes jovens foram levados para o Estado de Nevada”, disse.
A própria vítima, atualmente com 21 anos, testemunhou durante o julgamento e afirmou que disse a Jeffs que não queria se casar com seu primo e que teria implorado para que o casamento não acontecesse, pois ela não queria manter relações sexuais com o primo.
A seita liderada por Jeffs prega que um homem deveria ter pelo menos três esposas para chegar às esferas mais altas do paraíso.
O próprio líder teria 70 esposas e herdou a liderança da seita de seu pai, Rulon, que morreu em 2002. A seita tem 10 mil fiéis e domina cidades em Arizona e Utah.
A seita foi formada por ex-membros da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias (cujos seguidores são conhecidos como mórmons), que tornou a poligamia ilegal entre seus fiéis em 1890.
Enquanto esteve preso em Utah, Jeffs afirmou que não era um profeta.
“Não sou profeta. Nunca foi um profeta e fui enganado pelas forças do mal”, disse Jeffs durante uma conversa com seu irmão que foi gravada por autoridades da penitenciária onde ele estava detido.
Fonte: Globo Online