Em nome do ecumenismo e da luta pelo preconceito religioso, representantes de várias tendências religiosas se unirem em marcha.
“A grande adesão à caminhada mostra que a luta contra a intolerância está ganhando força. No entanto, ainda é preciso mostrar que o preconceito religioso persiste e deve ser combatido por toda a sociedade”, afirmou a vereadora Olívia Santana, autora da Lei que instituiu o Dia Municipal Contra a Intolerância Religiosa, que inspirou a legislação nacional.
Igreja Universal
A data faz referência à morte de Mãe Gilda, a mais alta sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, que sofreu um infarto, um dia após assinar a procuração para a abertura do processo contra a Igreja Universal do Reino de Deus. A foto da mãe de santo ilustrava uma reportagem A data tem ligação com a morte de “Mãe” Gilda, considerada a mais alta sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, que veio a falecer um dia depois de assinar procuração contra a Igreja Universal. Logo após, no Folha Universal, foi publicada a matéria: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. A Justiça condenou a Universal a indenizar os filhos da sacerdotisa.
Onze anos depois, a filha declara da falecida: “O ódio tem crescido mas, este ano, com o pacto de união das religiões, acho que vai ser um ano de mudança, de unificação”, disse.
Pastor Evangélico
O pastor Fernando Carneiro, da Igreja Evangélica Antioquia, também integrante da marcha, fala sobre a união: “As religiões têm concepções diferentes, mas não se deve ter ideias ruins delas. O discurso de demonização do candomblé e umbanda faz parte de um segmento da igreja evangélica que, como é mais midiatizado, faz a população acreditar que todo evangélico tem esse discurso, o que não é verdade”.
Já o diretor executivo da organização ecumênica Koinonia, Rafael Soares de Oliveira, acredita que o evento é importante para afirmar que a liberdade religiosa é um direito de todos. “O povo de santo não pode ficar excluído. A intolerância é um câncer que não pode ser alimentado. A união entre religiões é para isolar quem é intolerante e se assume como tal”.
Em Manaus, 11 credos foram representados por aproximadamente 400 pessoas, na Igreja Católica da Matriz, Centro, para pedir por mais respeito à diversidade.
Da reunião, participaram mulçumanos, católicos, budistas, messiânicos, evangélicos, judeus, espíritas, mórmons, representantes de religiões de matrizes africanas, representantes da Seicho-No-Ie e kardecistas. Ao longo do ato ecumênico, líderes e praticantes tiveram a oportunidade de falar sobre as próprias religiões e sobre o elemento comum, segundo eles, em todos os credos: a busca pelo amor.