Ainda na concentração, no início da manhã desta quinta-feira (7), no trio elétrico do “magistério, plenitude de avivamento” a pregação era ouvida: “Entrega para eles a tua benção (…) xô satanismo, xô homossexualimo”. Realizada três dias antes da 11ª Parada Gay de São Paulo, a Marcha para Jesus levanta a bandeira dos valores cristãos e exclui a opção homossexual.
“Não digo contra (a Parada Gay), acho que a marcha do povo de Deus é grande nesta cidade, neste país. Acho que é esta a parada que influencia mesmo”, diz o analista de suporte Valter da Silva Filho, de 25 anos. Ao lado da namorada, ele faz parte do grupo de 50 pessoas da Igreja Caminho da Vida, que veio participar da 15ª edição do evento.
São Paulo – A igreja, que funciona há 12 anos no bairro de Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, é comandada pelo pastor Pedro Nakamashi e tem, na maioria de seus seguidores, descendentes de japoneses. A mistura da tradição nipônica e dos ensinamentos cristãos resultou em um grupo que defende profundamente os valores religiosos. “Pela Bíblia, a gente sabe que Deus não concorda com o que eles (homossexuais) fazem. A gente condena o ato deles, e nunca as pessoas. O que a gente quer é que eles conheçam Deus”, explica Silva.
Para outros, a Marcha para Jesus em nada tem a ver com a Parada Gay. Líder do ministério Luz para os Povos de Serrinha, em Goiânia, o apóstolo Paulo Henrique de Oliveira veio com um grupo de 150 pessoas pela primeira vez para a marcha.
“Estamos achando demais, esta é uma manifestação do nome de Jesus, não tem nada a ver uma coisa com a outra, essa marcha é um trabalho de unidade da igreja evangélica, sem nenhum tipo de discriminação, não é um ato de repulsa nem de competição ou qualquer outra coisa”, disse Oliveira.
A mesma idéia é defendida pelo pastor presidente da Assembléia de Deus no estado de São Paulo, Samuel de Castro Ferreira. “Nós respeitamos a opção de cada um. Não concordamos (com o homossexualismo), mas jamais faríamos desse (marcha) um ato afrontoso, princípios não se discutem em um ato, se discute nos fóruns adequados. Isso é uma marcha para Jesus, não uma partida de futebol”, afirmou.
Para o pastor, a marcha é um exemplo de união entre todas as pessoas e jamais pode simbolizar algum tipo de briga. Para reforçar esta teoria de unidade, Ferreira aposta na ampliação do evento e faz um convite. “Eu quero convidar na próxima marcha que os católicos venham, os espíritas venham, essa é uma marcha cristã”, fala, acrescentando que Jesus reúne todas estas religiões e, portanto, todas elas deveriam se unir.
Outro lado
Regina Facchini, vice-presidente da Associação da Parada, disse que não existe nenhuma rivalidade entre os eventos que ocorrem nesta quinta-feira (7) em São Paulo. “A cidade é de todos e deve ser usufruída por todos”, disse.
Ela afirmou que as opiniões religiosas devem ser expressas livremente, mas fez uma ressalva em relação à frase dita no trio. “Quando se diz xô homossexualismo, pode incentivar atitudes homofóbicas e isso não é algo bacana”, falou.
Fonte: G1