NIGÉRIA – Centenas de muçulmanos ocuparam as ruas de Kano, cidade no norte da Nigéria, no último domingo, dia 20 de abril, reivindicando que um cristão havia blasfemado contra o profeta Maomé. Lojas foram depredadas, cristãos machucados e veículos foram incendiados.
Inúmeros cristãos que estavam nas igrejas foram retirados à força dos cultos. A situação só se estabilizou depois que a polícia conseguiu dispersar os agressores.
Muitos cristãos foram realocados pelo exército para quartéis de polícia na cidade. Há um temor de que os muçulmanos possam atacar novamente.
Segundo informações, um comerciante cristão teria colocado na parede de sua loja uma inscrição que foi interpretada como uma provocação ao profeta islâmico.
Irados, muçulmanos da região de Sabon Garia atacaram o cristão. Ele só não sofreu danos porque foi salvo a tempo pela polícia, que o levou para a delegacia.
Motim
Muçulmanos logo se agruparam em grande número e foram para a delegacia de polícia, enquanto ameaçavam apedrejar o cristão até a morte assim que os oficiais o libertassem, conforme prevê a sharia (lei islâmica). Felizmente, a polícia conseguiu dispersar o grupo.
“Um comerciante cristão foi acusado de fazer algumas inscrições que blasfemavam contra o profeta Maomé na loja dele e seus colegas muçulmanos se voltaram contra ele”, explicou o porta-voz da polícia, Baba Maomé, em uma entrevista especial concedida a uma rádio local.
Ele disse que o cristão acusado foi liberado, mas correu para a delegacia de polícia em busca proteção, com medo de ser linchado. “Nós tivemos que retirá-lo da cidade de Kano para protegê-lo”, contou.
A polícia prendeu alguns dos amotinadores muçulmanos e já está investigando o caso.
“Nós fizemos várias detenções de suspeitos de quebrar a ordem pública, enquanto isso o acusado cristão está sob custódia até a conclusão da investigação”, disse o porta-voz da polícia.
Cristãos dizem que a acusação é “desculpa” para ataque
Nnamdi Ike, um cristão que testemunhou o distúrbio, contou ao Compass que são falsas as acusações de que o cristão teria colocado uma inscrição que insultava o profeta Maomé em sua loja.
“Sempre que os cristãos são atacados, eles são acusados de blasfêmia”, disse Nnamdi Ike. “Nenhum cristão escreveu qualquer coisa Maomé ou o islã. É uma mentira, uma desculpa para nos agredir.”
Sabemos da ocorrência de quatro casos de falsas reivindicações de blasfêmia contra cristãos no Estado de Kano, no ano passado, além de ataques contra três escolas secundárias e esta última na área do mercado”, disse a testemunha cristã.
Os três casos de blasfêmia aconteceram em escolas secundárias teriam acontecido nas cidades de Tudun Wada, Gwarzo e Samaila. Em todas essas escolas públicas, estudantes cristãos foram atacados, feridos ou enviados de volta para casa.
Em 1994, fanáticos muçulmanos decapitaram Gideon Akaluka, um cristão detido em uma prisão de Kano, sob a alegação de que ele havia profanado o Alcorão.
Fonte: Portas Abertas