Neri Firigolo, único deputado que não foi preso na Operação Dominó, disse que suspeitava do esquema.
O deputado estadual Neri Firigolo (PT), único dos 24 parlamentares da Assembléia Legislativa de Rondônia que não aparece como suspeito nas irregularidades investigadas pela Operação Dominó da Polícia Federal, negou e criticou nesta terça-feira, 08, as análises de que Rondônia teria se transformado em uma espécie de “terra de ninguém”.
Em entrevista concedida à rádio Eldorado, ele destacou que há muita gente honesta no Estado e que, nas eleições de outubro, a população poderá “cassar” os envolvidos por meio do voto.
Indagado se não recebeu convite para que ele participasse do esquema, Firigolo respondeu que isso não foi realizado porque era conhecido o seu posicionamento contrário a este tipo de esquema. Segundo ele, “só Jesus Cristo foi 100% honesto” e, mesmo assim, o crucificaram, mas o deputado ressaltou que sempre seguiu ideais que aprendeu com sua família.
“É claro que ninguém consegue ser honesto 100%, mas tento fazer o possível para preservar, primeiro, o nome da minha família e do meu finado pai, que me ensinaram isso. Segundo, também porque tem um sentimento religioso. E eu acho que, no dia em que a gente passar dessa (vida) para outra, a gente vai ter que prestar conta, e, lá, não tem agravo, não tem adiamento e não tem ninguém que possa defender a gente”, observou.
E continuou: “Terceiro, porque eu venho de uma família de lavradores, sobrevivendo com muitas dificuldades, e eles criaram esta consciência em mim, de que o dinheiro público é mais sagrado do que se a gente tivesse pegado do bolso de alguém, ou seja, de uma pessoa particular.”
Firigolo disse que suspeitava do esquema, mas que não havia provas como as que foram descobertas. “Eu sempre desconfiava que havia algumas coisas bastante sérias, mas não esperava que fosse tão grande e com envolvimento de tantos Poderes, que deveriam estar vigilantes e em benefício do povo. De repente, vêm todas as notícias, através da Polícia Federal, de que é um esquema bastante amplo”, destacou.
Parte das denúncias é que deputados possuíam uma lista de funcionários “fantasmas”, que cediam seus nomes para serem empregados na Assembléia. Com isso, os parlamentares tinham uma folha de pagamentos salariais paralela e desviavam dinheiro público do Estado.
Estão envolvidos nas denúncias deputados de diversos partidos, de esquerda ou direita. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que o esquema serviu ainda para troca de favores entre o Legislativo, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas do Estado.
Fonte: Estadão