Hoje podemos ter a certeza de que “Deus amou o mundo de tal maneira, que enviou o seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Todavia, uma das coisas que mais intriga os historiadores é saber qual foi a verdadeira aparência de Cristo quando esteve na terra pela primeira vez.
“Ao longo da história, as representações artísticas de Jesus e de sua face raras vezes se preocuparam em apresentar o ser humano concreto que habitou a Palestina no início da era cristã”, diz o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, segundo uma reportagem da BBC Brasil.
A divergência entre o “Jesus histórico” e o “Jesus artístico”, isto é, a forma como Cristo é tratado nas obras de arte em comparação à sua verdadeira aparência, é o que os especialistas ainda buscam solucionar. Para resolver esse dilema, já que a Bíblia não descreve os aspectos físicos de Jesus em detalhes, os historiadores recorreram ao perfil comum dos contemporâneos de Cristo e sua descendência:
“Os judeus da época eram biologicamente semelhantes aos judeus iraquianos de hoje em dia. Assim, acredito que ele tinha cabelos de castanho-escuros a pretos, olhos castanhos, pele morena. Um homem típico do Oriente Médio”, disse Joan E. Taylor, professora do Departamento de Teologia e Estudos Religiosos do King’s College de Londres. Seu pensamento é corroborado pelo especialista em reconstrução facial forense, Cícero Moraes:
“Certamente ele era moreno, considerando as pessoas daquela região e, principalmente, analisando a fisionomia de homens do deserto, gente que vive sob o sol intenso”, disse ele. “O melhor caminho para imaginar a face de Jesus seria olhar para algum beduíno daquelas terras desérticas, andarilho nômade daquelas terras castigadas pelo sol inclemente”, confirma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, professor da Universidade Federal de Alagoas.
A descrição profética da Bíblia sobre a aparência de Jesus Cristo
Saber qual era/é a aparência exata de Jesus Cristo não altera o conteúdo da sua mensagem. Esse é, talvez, um dos motivos pelo qual os autores bíblicos, como seus próprios discípulos, não se preocuparam em relatar detalhes sobre a aparência de Jesus, mas sim a sua mensagem de salvação.
Todavia, a Bíblia, no livro de Isaías, capítulo 53, no relato de uma das profecias mais marcantes sobre Jesus Cristo, feita cerca de 700 anos antes do seu nascimento, uma descrição corrobora com a ideia de que Jesus não teve, de fato, a aparência artística como a conhecemos atualmente:
“Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos” (verso 2).
Ainda assim, não há concordância no mundo teológico sobre a descrição de Isaías. Se ela, de fato, diz respeito à descrição da aparência física de Jesus ou se tratam dos aspectos éticos que confrontaram o meio religioso da sua época. Esse é um debate que permanece.