Saeb Erekat, um dos principais negociadores palestinos no processo de paz com Israel, afirmou neste sábado que as negociações com Tel Aviv “estão enterradas sob os escombros das casas destruídas em Gaza”, em referência à mais recente operação militar israelense, que já deixou ao menos 71 mortos –45 deles apenas neste sábado– e 260 feridos desde quarta-feira (27).
A operação de Israel no norte da faixa de Gaza é uma retaliação aos disparos de foguetes pelo grupo extremista palestino Hamas.
Entre os mortos palestinos, ao menos 13 são civis, sendo quatro crianças e sete mulheres. Jacqueline Abu Chbak, de 12 anos, e seu irmão, Iyad, 11 anos, morreram enquanto dormiam, vítimas da queda de um foguete na casa deles, de acordo com moradores. Uma mulher foi atingida no peito enquanto preparava o café-da-manhã para seus filhos.
Este sábado foi um dos dias mais violentos desde que o Hamas tomou o controle, em junho de 2007, da faixa de Gaza. As últimas mortes elevam para 6.245 o número de mortos nos confrontos entre Israel e Palestina desde 2000, a maioria deles palestinos, de acordo com um relatório elaborado pela France Presse.
O vice-Ministro da Defesa de Israel, Matan Vilnai, negou que o objetivo da operação seja uma reocupação parcial da faixa de Gaza, abandonada em 2005. “Usaremos principalmente a aviação, embora possamos recorrer às forças terrestres.”
Foguetes palestinos
Grupos armados palestinos lançaram mais de 50 foguetes neste sábado contra Israel, deixando sete pessoas feridas, entre elas duas crianças e uma mulher, na cidade de Ashkélon, a 10 km da faixa de Gaza, de acordo com o Exército israelense.
A mesma fonte confirmou a morte de dois soldados israelenses; outros sete ficaram feridos.
Jabalya
Violentos combates entre soldados israelenses e militantes palestinos ocorreram em Jabalya, onde as ruas desertas estão tomadas pelos escombros.
“Vivemos em um clima de guerra total. Todos os dias ouvimos o som de foguetes e explosões”, disse Abu Alaa, 40 anos, morador de Jabaliya. “As crianças não estão na escola e as lojas permanecem fechadas.”
O chefe do setor de emergência em Gaza, Mouawiya Hassanein, disse que os serviços estão sobrecarregados. “Não podemos nos locomover facilmente, 12 de nossas ambulâncias estão paradas porque não temos combustível e as outras ambulâncias devem ter seus percursos marcados antecipadamente com o Exército de Israel.”
Protestos
Na Cisjordânia, 300 palestinos protestaram nas ruas contra a ofensiva israelense.
O Presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, declarou que a ofensiva israelense era “mais do que um holocausto”, em referência a uma declaração do vice-ministro da Defesa de Israel, Matan Vilnai. Ontem, Vilnai afirmou que os constantes ataques com foguetes contra Israel, por parte do Hamas, podem atrair um “holocausto” para a faixa de Gaza.
“É impensável que a resposta israelense aos foguetes palestinos, que nós condenamos, seja terrível e assustadora”, disse Abbas, que, de acordo com o seu gabinete, está tentando obter reuniões de emergência com a Liga Árabe e com o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O líder no exílio do grupo Hamas, Khaled Mechaal, disse neste sábado que Israel “exagera” o holocausto. “Israel usa o holocausto como pretexto para fazer o que quer”, afirmou Mechaal, durante uma entrevista coletiva em Damasco, na Síria, onde vive exilado.
O líder do Hamas classificou as operações israelenses na faixa de Gaza de “verdadeiro holocausto” e disse que elas contam com o amparo do presidente da ANP.
Mahmoud Abbas “encobre, voluntária ou involuntariamente” a ofensiva de Israel, disse Mechaal.
Negociações
As negociações de paz entre Israel e a Palestina haviam sido reativadas no final de novembro em uma conferência internacional realizada em Annapolis (Estados Unidos), depois de vários anos completamente paradas.
Nesse encontro, o premiê de Israel, Ehud Olmert, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, se comprometeram a fazer todo o necessário para chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Fonte: Notícias Cristãs